domingo, 20 de abril de 2014

O Oceano no Fim do Caminho: Uma fábula ditada pelas experiências da infância

Porque todos merecem uma segunda chance



O que ganhamos com as experiências e o que pagamos por elas

Segundas chances existem para darmos aquela força à alguém, compensando algum erro cometido anteriormente, tentar gostar de algo justamente quando o primeiro contato não tenha sido o certo para aquele momento, ou talvez não fosse a obra que nos identificássemos.

O Oceano no Fim do Caminho foi o último livro do autor Neil Gaiman, o mesmo que escreveu Deuses Americanos, o meu primeiro contato com a literatura de autor e que não achei nada agradável.

Sussex, Inglaterra. Um homem de meia-idade volta à casa onde passou a infância para um funeral. Embora a construção não seja mais a mesma, ele é atraído para a fazendo no fim da estrada, onde, aos sete anos, conheceu uma garota extraordinária, Lettie Hempstock, que morava com a mãe e a avó. Ele não pensava em Lettie há décadas, mas mesmo assim, ao sentar na beira do lago (o mesmo que ela se referia a um oceano) nos fundos da velha casa de fazenda, o passado esquecido volta de repente. E é um passado estranho demais, assustador demais, perigoso demais para ter acontecido de verdade, especialmente com um menino.
Quarenta anos antes, um homem cometeu suicídio dentro de um carro roubado no fim da estrada que dava na fazenda. Sua morte foi o estopim, com consequências inimagináveis. A escuridão foi despertada, algo estranho e incompreensível para uma criança. E Lettie, com sua magia, amizade e sabedoria digna de alguém com muito mais de onze anos - prometeu protegê-lo, não importa o que acontecesse.
O Oceano no Fim do Caminho - Neil Gaiman - 208 páginas - Intrínseca

A história pode simplesmente ser vista como uma autobiografia de Neil Gaiman, como se víssemos sua infância, em meados da década de 1970. Aconteceu com diversas pessoas - mas não comigo - de identificarem elementos da época da qual a história é narrada.

Houve também diversos casos - mas não comigo - de pessoas que se identificaram com o protagonista, que em nenhum momento é identificado. Somente um menino de 7 anos com sua paixão por livros, que pode ser facilmente substituído por quem lê o livro, dando-nos liberdade para participar da história. 

Eu não era uma criança feliz, ainda que, de vez em quando, ficasse contente. Vivia nos livros mais que qualquer outro lugar." p.22

Aliás, não faltou referências e citações a outras séries famosas, como As Crônicas de Nárnia, de C.S. Lewis ou a Sociedade Secreta dos Setes (se for qual eu conheço) e diversas outras que são desconhecidas.

Assim como acontece em livros de literatura fantástica, existe a mescla do real com o surreal. Em O Oceano no Fim do Caminho não foi diferente. É uma história real e imaginária ao mesmo tempo, ainda mais para tudo aquilo, se é que todas as lembranças tivessem de fato acontecido.

As memórias de infância às vezes são encobertas e obscurecidas pelo que vem depois, como brinquedos antigos esquecidos no fundo do armário abarrotado de um adulto, mas nunca se perdem por completo." p.14

Ursula Monkton, uma das personagens do livro, é a antagonista e foi uma criatura criada por Neil Gaiman, representando toda a impotência de uma criança contra o mundo adulto, sobre como tem controle a qualquer criança a ponto de sufocá-la. É também a representação dos medos infantis, como por exemplor o de perder os pais.

Eu já estive dentro de você - disse ela - Então, aqui vai um conselho: se contar alguma coisa a alguém, não vão acreditar. E, como já estive em você, saberei. E posso cuidar para que jamais diga a ninguém nada que eu não queira, nunca mais." p.72

Muitos viram a obra - menos eu - como uma identificação da própria infância, da própria solidão infantil, tendo os livros e as histórias como únicas companheiras, bem como a época que a história é narrada em sua totalidade. Eu tive uma infância boa, obrigada!

O Oceano no Fim do Caminho é aquele livro ideal para passarmos o tempo, seja com os medos infantis ou com um bom amigo. 

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3 comentários:

  1. Texto muito interessante. Estava intrigado pela sua opinião sobre o livro sabendo que não gostou de Deuses Americanos.
    Não acho que o livro perca sua força alegórica se o leitor não conseguir se identificar plenamente com o protagonista.
    Creio que a força da Arte seja esta mesma, nos transportar. Nos trazer emoções inesperadas. Nos trazer "lembranças emprestadas" nos momentos que precisamos de algum encantamento.
    Um pouco como acontece com o protagonista que volta a sua origem e se redescobre.
    As agruras do protagonista não precisam ser nossas, mas as descobertas podem ser. Aí está a beleza e a poesia da coisa. Aí está a força da jornada do herói.

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  2. Que capa linda! E criança de 7 anos me lembrou Alice in Wonderland. X3 Alias, te marquei numa tag!

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  3. Também tive uma infância boa, haha! Esse livro me seu um pouco de medo, não, um medo não, uma aflição a cada página. O menino é apenas identificado por um apelido (George, O Gracioso) e isso é um dos pontos mais legais da história, um protagonista que não temos a menor ideia de quem ele é. Eu adorei o livro.

    Bjs, Raquel.

    morethanaworld.blogspot.com.br

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