O Soldado Invernal não é o Capitão América

Os heróis invadiram o cinema

Cuidado, a Hy.. ops, S.H.I.E.L.D. sabe até a sua nota do ENEM. 

Provando que os super-heróis - em especial os da Marvel -, invadiram o cinema de vez (ainda mais com os direitos da Marvel vindo direto da fábrica de filmes Disney) trazendo a sequência do herói mais patriota que existe - o Patriota de Ferro (Homem de Ferro 3)  não conta -. O filme, aliás, até a sua segunda semana de exibição nos cinemas brasileiros, liderava as bilheterias com o mesmo desempenho do seu fim de semana de estreia.

Diferente do primeiro, (ou talvez não) Capitão América 2 - O Soldado Invernal gerou bastante expectativa. Afinal, não foi preciso recontar pela enésima vez o que muitos já estamos cansados de ver: as origens do personagem, seus medos e angustias e blá, blá, blá. O primeiro filme foi para isso. Vamos desenvolver melhor o personagem neste.

"Dois anos após os acontecimentos em Nova York (Os Vingadores - The Avengers), Steve Rogers (Chris Evans) continua seu dedicado trabalho com a agência S.H.I.E.L.D. e também segue tentando se acostumar com o fato de que foi descongelado e acordou décadas depois de seu tempo. Em parceria com Natasha Ramanoff (Scarlet Johansson), também conhecida como Viúva Negra, ele é obrigado a enfrentar um poderoso e misterioso inimigo chamado Soldado Invernal, que visita Washington e abala o dia-a-dia da S.H.I.E.L.D., ainda liderado por Nick Fury (Samuel L. Jackson)." Sinopse via Adoro Cinema

Para uma não-fã-de-super-heróis, Capitão América valeu cada centavo gasto no ingresso + pipoca. O lado positivo desses filmes é que eles são feitos não somente para agradar aos fãs da série (o que às vezes não dá muito certo) mas também para aqueles que desconhecem o plot original, isto é, os quadrinhos na qual o filme foi baseado. O grande problema de tudo é que algumas referências acabam não sendo totalmente absorvidas para aqueles que não conhecem os quadrinhos, deixando algumas pontas soltas. E não, eu não vou ler os quadrinhos.

O grande boom desse filme é justamente o desenvolvimento do personagem mais patriota dos EUA. Segundo fontes o Capitão América já representou o ideal americano, já se rebelou contra o próprio governo quando criou uma aliança de heróis que se recusavam a expor identidades secretas e até já foi morto - e voltou dos mortos, seguindo a crença de todos os heróis de quadrinhos. Os holofotes aqui foram todos para ele, sem se preocupar com o que aconteceu em Os Vingadores - The Avengers, em que ele teve que dividir as atenções com um Tony Stark e sua armadura extravagante, o gigante esmagador Hulk e o deus nórdico Thor e seu martelo, além dos outros que bem, não tiveram tanto brilho assim.

Aqui, além do filme nos mostrar uma bela produção com direitos a cenas semelhantes com Star Wars Episódio IV - Uma Nova Esperança (a.k.a. Estrela da Morte)  e gastos com merchan (a Apple e Nike adoraram), nos mostra também uma pitada de mundo real utilizando-se o problema da ditadura da vigilância. Enquanto na vida real temos uma CIA com o governo americano xeretando a vida de outros países, no filme temos a S.H.I.E.L.D., uma organização criada para espionar o mundo, afim de garantir a segurança mundial, que por consequência cai nas mãos de outra organização com o intuito de conquistar o mundo. É coisa para super-herói mesmo. E não podemos esquecer do vilão, o Soldado Invernal que parece que estava lá só para ser o vilão humano no meio de uma crise de ego de uma super organização.

O diferencial de Capitão América, ou talvez, o aceitável é o fato dele ser um humano que foi utilizado como cobaia para um super soro que sobreviveu. Infelizmente, ele parece ser muito máquina, iguais aqueles programas para servir e ser frio em suas relações, inclusive com sua parceria de missões. Não que isso seja um problema, na verdade isso é consequência de todo subordinado numa grande organização que recebeu um treinamento especializado. Ele está lá para receber ordens, não para dá-las. Esse papel é do Nick Fury.

Capitão América 2 - O Soldado Invernal conta com algumas referências inusitadas ao Brasil. Como Steve Rogers ficou 70 anos congelado - que é claramente citado no final do primeiro filme -, é normal que ele esteja desatualizado com o que aconteceu no mundo do entretenimento visto que ele é um sujeito fora de seu tempo. Airton Senna (que completa 20 anos de morte em 2014), Mamonas Assassinas (grupo musical que fazia paródias nos anos 1990) e pasmem, Xuxa a rainha dos baixinhos estão em sua lista. Ouvi dizer (são boatos e não procurei fontes para me certificar), que em cada país que o filme foi exibido houve essa inclusão de celebridades notáveis, numa tentativa de "localizar" o filme. Acreditem, até o ENEM foi citado durante o filme.

Isto aliás, pode ser visto (e foi) para alguns como desnecessário e pode/deve também ser visto como um plano de trazer o ambiente dos fãs para o filme, numa forma de acabar ou, ao menos diminuir a americanização de tudo, tornando-o mais divertido aos olhos de quem assiste. Bem ao estilo: não esqueceram de nós!

Para aqueles que acompanham o seriado Marvels Agents of Shield, o episódio 17 desta primeira temporada só poderá ser assistido após o filme Capitão América 2 - O Soldado Invernal, a não ser que você queira ver alguns spoilers, já que se passa durante a trama do filme. O episódio foi ao ar dia 08 de abril pela rede ABC, e aqui provavelmente que tenha ido ao ar em 20 de abril (dia que por acaso assisti à algumas partes do seriado).

Enfim, Capitão América 2 - O Soldado Invernal não decepciona. E lembre-se, em filmes da Marvel fique sempre durante/ e após a exibição dos créditos. Steve Rogers volta a aparecer no próximo filme dos Vingadores 2 - A Era de Ultron, que deve estrear por aqui no dia 24 de abril de 2015 segundo o site Cine Pop.