segunda-feira, 15 de abril de 2013

Pegue sua pipoca: OBLIVION




Eu e minha destemida Editora Chefe fomos ver OBLIVION, que honra a minha ter tal companhia, e ela me permitiu postar minhas impressões sobre o filme. Espero que ela poste as dela também.




Quem somos? O que nos confere identidade? O que nos torna humanos? Estes são temas clássicos da Ficção Científica que povoam tantas obras do gênero. 

É nesta tradição que o novo filme de Joseph Kosinski (TRON Legacy) se enquadra.
Anteriormente um projeto do diretor para a Disney, o estúdio abriu mão de produzir o filme. Talvez porque vá ser difícil vender bonequinhos e outras bugigangas tiradas do filme. Ou seja, pelo seu potencial aparentemente limitado como "franquia", a palavra mágica que provoca orgasmos nos executivos dos grandes estúdios.
É até surpreendente que uma FC como está tenha sido produzida dentro da lógica dos "bean counters" que reina absoluta hoje em dia.
Sim, o filme tem ação, um astro, etc, mas revela-se surpreendente sofisticado e intrigante com suas camadas de interpretação. 

Cruise (competente e convincente como sempre é nas mãos de um bom diretor) é Jack Harper. Ele e sua parceira Victoria (a ótima Andrea Riseborough) aparentemente são os humanos remanescentes em nosso planeta após uma invasão alienígena que deixou a Terra devastada, embora os humanos tenham saído vitoriosos.

Andrea Riseborough como Vika

O trabalho deles é manter os ameaçadores drones funcionando e garantir a segurança das colossais usinas de fusão que propiciam a sobrevivência da espécie em Titã, onde a humanidade se refugiu.
Mas naquele isolamento eles se tornam mas do que isto, mais do que um "time eficiente". Se tornam amantes. Desta cumplicidade e da química entre o casal Kosinski tira alguns dos mais bonitos momentos do filme. Visualmente e emocionalmente. 

Quem viu TRON sabe que o diretor, arquiteto de formação, tem um senso estético apurado, sofisticado até. A maneira como ele enquadra a beleza fria e ruiva de Vika naquela casa cuidadosamente desenhada e um tanto asséptica é um dos pequenos deleites visuais do filme.
Tudo parece bem, apesar dos perigos do trabalho, como a possibilidade de encontrar os sorrateiros "scavs". Um perigo sem rosto deixado pelos invasores.
Mas Jack é irrequieto e nostálgico  Atormentado pela saudades de um tempo que nunca viveu (a Terra pré invasão) e de uma mulher que nunca encontrou.
oásis de beleza natural que ele encontra em um planeta devastado, e as relíquias de um passado esquecido(que ele coleta teimosamente), são sua válvula de escape.
Enquanto Victoria está feliz em deixar a Terra pós-apocalítica, ele anseia por aquele planeta de suas memória impossíveis.
O que é e o que poderia ter sido. O valor das lembranças. A permanência ou não dos afetos, são temas fundamentais no filme e tratados com eficiência e competência pelos roteiristas e o diretor. Aliás Kosinski aqui revela-se um narrador mais sólido e mais sutil que parece ter aprendido a dar tempo para seus personagens serem e existirem na tela. E está é outra qualidade do filme. Para um "blockbuster" ele dá bastante tempo para nos envolvermos com seus personagens.

Há cenas de ação sem dúvida, mas elas não são necessariamente o coração do filme.
De volta a trama: certo dia uma nave com tripulação humana cai na Terra, derrubada pelos "scavs". Com horror Jack assisti os drones de segurança eliminarem os sobreviventes. Menos uma que ele consegue salvar.

Qual será a verdade de que Julia é portadora?
Ao salvá-la e levá-la à Sky Tower, Jack detona toda uma cadeia de eventos que mudará sua visão de mundo e um dos aspectos mais fascinantes do filme: o triangulo amoroso. 
Apesar das atitudes de Victoria é impossível não simpatizar com seu drama. Inevitavelmente ela está perdendo o homem que ama. Jack por sua vez está sacrificando seu pequeno paraíso, seu futuro na "terra prometida". Mas permanece disposto a colocar tudo em risco por aquela estranha que parece ser a única ligação com aquele passado de sonhos.

Embora para mentes calejadas na FC algumas reviravoltas de roteiro pareçam previsíveis elas são sempre emocionalmente eficientes.
Aos poucos as peças se encaixam, as soluções são convincentes, o drama dos personagens envolvente e a história é relevante.
A busca pela verdade, pela identidade e pela memória podem ser clichês, mas o que é um clichê senão uma ideia tão boa que é sempre reutilizada?
OBLIVION usa estes temas clássicos bem, na maior parte do tempo não os banaliza e convida o expectador à reflexão.
Um blockbuster divertido e digno. Uma combinação não tão comum.

Rogério Prado

Agradecimentos à Editora Chefe Natália Maria pela presença e pela pipoca.

Rogério Prado foi criado por lobos nas selvas indianas... não esperem. Este é o Mowgli. Rogério Prado é só um cara que ainda assisti filmes como se tivesse 9 anos. Com deleite.


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5 comentários:

  1. Saudações


    Parece que este filme dividiu algumas opiniões, pois a maioria que tenho visto é de palavras contrárias à qualidade do roteiro desta obra.

    Foram palavras bem sinceras, ou ao menos senti isto durante a leitura do post. Não posso me arriscar a dizer que verei este filme, mas caçarei mais opiniões para ter de "resguardo", tão logo eu precise delas.

    O post ficou bom, com foco nos enlaces sentimentais da obra. Indicado.


    Até mais!

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    Respostas
    1. Gostei muito do filme e tenho consciência da implicância da crítica com ele, mas eu e a crítica temos um conceito diferente do que seja um bom filme.
      Não costumo dar bola para o que a imprensa especializada escreve. NUNCA escolho o filme que verei lendo as críticas no lançamento.

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    2. Nessa parte concordamos, Rogério. A imprensa NUNCA é imparcial quanto à crítica de um filme, ou distribuição de qualquer notícia, então para quê confiar nela?

      Gostei da descrição do filme e posso dizer que a FC me anda a conquistar aos poucos, talvez porque me tem dado uma parte das respostas que eu tenho vindo a procurar. Desde sempre.

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    3. Pois é Nícia. A FC sempre foi subestimada por ser parte da Cultura POP e a cultura POP é derivativa por natureza e ao contrário da "alta cultura" quer se comunicar com o grande público.

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  2. Ta aí, gostei, fiquei com vontade de assitir, talvez porque eu AME filmes de ficção dese tipo huahahua
    Adorei o post Natyy!

    Off: E sobre as músicas de Vocaloid, já ouviu as do Project Diva F, gostei de algumas, principalmente uma Weekender Girl =D

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Opinem, comentem, compartilhem, façam como o filme "A Corrente do Bem" e passe adiante!


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