Graphic MSP: Penadinho - Vida

Nunca antes a morte foi tão cheia de vida

Teaser da Graphic MSP do Penadinho, quando o projeto foi divulgado, em novembro de 2013

Graphic MSP é um projeto da Mauricio de Sousa Produções, que traz artistas brasileiros (em sua maioria desconhecida do grande público) reimaginando os personagens que compõem o panteão da turminha mais querida do Brasil, a Turma da Mônica, em situações novas e um tanto diferente do que já estamos acostumados. Ou seja, é nada mais do que uma releitura dos personagens pela perspectiva daquele artista. Já teve história do Chico Bento (Chico Bento - Pavor Espaciar), Turma da Mônica (Laços e Lições), Louco - Fuga (que eu pretendo resenhar aqui algum dia) e tantos outros, sendo o Penadinho - Vida, o sétimo lançamento da série.

Na história, Penadinho fica sabendo através da Dona Cegonha, que a Alminha vai reencarnar. Ele nunca teve coragem de se declarar para ela e o tempo deles está chegando ao fim (ou seria um recomeço?). Para piorar um pouco a situação, Alminha sumiu e precisa ser encontrada até o amanhecer, quando acontecerá sua reencarnação. É aí que Penadinho, com a ajuda da turma do cemitério (Zé Vampir, Frank, Muminho, Cranicola) vai atrás do seu grande amor da vida, digo, da morte.

Se você, assim como eu cresceu lendo A Turma da Mônica e cia, com certeza vai curtir as MSP's, e em especial essa, que pode ser considerado a obra-prima das Graphic MSP, sendo uma das melhores e mais comoventes lançadas até agora. A história, por tratar da turma do Penadinho, e por "culpa" de seus autores, Paulo Crumbim e Cristina Eiko traz uma metáfora entre a vida e a morte - que é inclusive mostrado em uma cena -, com a Dona Cegonha e a Dona Morte juntas, mostrando cada qual desempenhando seu papel mas sem atrapalhar a outra, sendo ambas necessárias para o funcionamento do universo.

Só por isso a história já seria um prato cheio, mas ela consegue ir mais além. Ao falar da vida na morte, ambos os autores trabalham também com o tema amor. O amor da minha vida, ou como é o caso aqui, da morte, tornando a história única. Para aqueles que não sabem, a única regra que os autores tem que seguir é não matar nenhum personagem. Mas e se esse personagem já estiver morto? 

O grande trunfo das MSP está para aqueles que leram ou leem Turma da Mônica (não que isso seja uma regra) é a de poder relembrar aqueles personagens que um dia fizeram parte do nosso cotidiano em situações fora de seu contexto original (sem ir ao limite, a morte das personagens) e com artes e roteiros bem feitos, não sendo para um público especifico, além é claro, de pessoas que estão atrás de uma boa história e tem a curiosidade de conhecer um pouco do que os artistas daqui tem a oferecer.

O trabalho em conjunto do casal Cristina Eiko e Paulo Crumbim é um show à parte, numa disputa sadia dos autores buscando rumos distintos, tanto na arte quanto no roteiro. E no fim, quem realmente sai ganhando somos nós, leitores. O mais legal é que para cada personagem o visual varia através da arte de ambos - já que é feito aà quatro mãos -, como por exemplo Penadinho e Alminha serem mais simples, Zé Vampir mais fofa, indo até a mais agressiva, como a da Dona Morte, mas sem perder a característica de cada um. Não é à toa que o encontro dos dois casais tenha dado certo, a ponto de transformar um singela história em uma obra-prima.

Cada Graphic MSP tem lá sua singularidade, que torna aquela ou esta história única. Dos que eu tive o prazer de ler, Vida se tornou a mais especial (tanto pela história quanto pela ocasião em que a adquiri) e que traz a seguinte mensagem: não deixe para depois algo importante, pois o depois pode não existir, mesmo que você esteja na imortalidade.

Graphic MSP: Penadinho - Vida - maio de 2015 - Paulo Crumbim e Cristina Eiko - 82 páginas - volume único - Panini Comics - preço a confirmar - capa dura

A Alminha vai reencarnar. E Penadinho nunca teve coragem de dizer que ela é o amor da sua morte" Pra piorar, a fantasma sumiu e precisa ser encontrada até o amanhecer, quando a Dona Cegonha à levará.
Em Vida, Paulo Crumbim e Cristina Eiko reinterpretam os personagens de Maurício de Sousa de forma leve, apaixonante e divertida.

"O meu amor veio me ver, vou colocar a roupa mais bonita e sair para dançar, dançar e dançar..."