A Batalha do Apocalipse: Da queda dos anjos ao crepúsculo do mundo - Eduardo Spohr - 2010 (36ª edição, 2012) - Edição econômica - 586 páginas - Verus Editora
Há muito e muitos anos, tantos quantos o número de estrelas no céu, o paraíso celeste foi palco de um terrível levante. Um grupo de anjos guerreiros, amantes da justiça e da liberdade, desafiou a tirania dos poderosos arcanjos, levantando armas contra os seus opressores. Expulsos, os renegados foram forçados ao exílio e condenados a vagar pelo mundo dos homens até o Dia do Juízo Final.
Mas eis que chega o momento do Apocalipse, o tempo do ajuste de contas. Único sobrevivente do expurgo, Ablon, o líder dos renegados, é convidado por Lúcifer, o Arcanjo Negro, a se juntar às suas legiões na Batalha do Armagedon, o embate final entre o céu e o inferno, a guerra que decidirá não só o destino do mundo, mas o futuro da humanidade.
Das ruínas da Babilônia ao esplendor do Império Romano, das vastas planícies da China ao gelados castelos da Inglaterra Medieval, a Batalha do Apocalipse não é apenas uma viagem pela história humana - é também uma jornada de conhecimento, épico e empolgante, repleto de lutas históricas, magia, romance e suspense
Uma história de ficção que nos faz refletir sobre as questões humanas e outras coisinhas mais
Sabe aquela história que você quer muito ler? - e as pessoas ao redor que já leram vivem lhe indicando o livro? -, e sempre aparece algum outro "mais interessante?" Pois bem, foi o que aconteceu com A Batalha do Apocalipse. Depois de certa relutância por parte minha - o livro é edição econômica, que eu torço o nariz -, finalmente achei a brecha que tanto queria para poder lê-lo. E o melhor, ele superou qualquer expectativa que eu tivesse tido.
Para a leitura do livro, é necessário - porém não é obrigatório - um certo conhecimento sobre a história da humanidade, aquela contada na Bíblia.
Ablon, o Primeiro General, é um Anjo Renegado pertencente à casta dos querubins, também conhecido como anjos guerreiros. Ele foi expulso do céu e preso a um corpo de carne após liderar um levante contra as tropas dos Arcanjos (a casta mais alta entre os anjos) liderados pelo tirânico Miguel a favor da humanidade. Em sua vida imortal, Ablon viu impérios serem erguidos e destruídos, viu a morte de seus companheiros de batalha e dos amigos mortais. Contudo, o Apocalipse está chegando e a Crianção Divina está às portas da extinção, e Ablon é o maior símbolo dos que querem defender a humanidade, mesmo que ela própria não mereça.
É difícil dar um resumo de uma história tão complexa quanto A Batalha do Apocalipse, ainda mais a uma história que é contada cheia de flashbacks (alternando entre o passado e o presente) - e como eu vim a descobrir posteriormente, esses flashbacks devem ser lidos como se fossem obras separadas -, com história à muito esquecidas de povos e terras já extintas, substituídas hoje pela evolução da humanidade, tais como a Babilônia e sua Torre de Babel, a China antiga e a Rota da Seda, o Império Romano, Atlântida, entre outros. Isso sem contar as inúmeras criaturas que passam pelas 586 páginas que compõem o livro, como os próprios anjos, os demônios, fadas, deuses pagãos e entidades de luz e sombras. Devo avisar que uma das partes mais massantes do livro fica em um flashback extenso.
Aliás, parte da história mostra bastante a relação do Anjo Renado Ablon e Shamira, a Feiticeira de En-Dor, uma amizade antiga que pendura até os dias atuais. Em vários momentos vemos que o Renegado vai ao encontro dela, seja para protegê-la de um inimigo antigo ou para pedir auxílio. Assim como as várias personagens que aparecem no decorrer da trama, cada qual tem sua importância vital em seu desfecho, seja um anjo de luz como Nathanael, ou a Rainha dos Súcubos, Lilith, entre outros. A própria Shamira por exemplo, em um impulso de ódio de Ablon, o ajuda a manter sua sanidade pelo quê ele luta.
Personagens bíblicos desempenham um papel fictício, como os anjos, as principais criaturas desse universo tão rico. Aqui, Eduardo Spohr nos mostra um outro lado dos anjos, as criaturas celestiais, que além de serem belos, são astutos, ora verdadeiros guerreiros, ora peritos em política e oratória, não sendo necessariamente bons para com a humanidade, tudo dependendo de suas castas (arcanjos, querubins, serafins etc, cada qual com sua característica predominante), que são os responsáveis por tudo que tem acontecido (divinamente) à humanidade após o sexto dia, já que Deus continua imerso em sono profundo após ter concluído o trabalho da criação e o Armagedon marca o seu despertar.
Eduardo Spohr conseguiu, além de prender o leitor à sua narrativa, nos apresentar sua visão sobre o que lemos na Bíblia, sendo tão convincente e realista quanto - a toda hora eu tinha que me lembrar que isso era uma obra de ficção -, dando-nos (a quem estiver disposto) uma nova visão à tudo que aprendemos anteriormente, fazendo-nos refletir sobre o que foi lido e indagando a veracidade dos fatos apresentado. O bacana é que, por mais que o livro tende a pender para o lado religioso da coisa, Eduardo em momento algum se prende religiosamente a nenhum fato, podendo ser lido por qualquer pessoa que esteja à procura de uma boa história. Mas tenha certeza de manter a mente aberta e sem preconceitos.
A propósito, quando se lê o livro percebe-se o trabalho que o autor teve para com a obra. A Batalha do Apocalipse, é um livro denso e talvez você passe algumas horas (ou até dias) divagando sobre o que acabou de ler. Apesar das personagens centrais serem anjos e demônios, este é um livro sobre questões humanas. A Batalha do Armagedon ou o Dia do Juízo Final, propriamente dita, só acontece no final. Grande parte do livro se passa na Terra, sendo também uma viagem pela História humana.
Aliás, quando se está chegando no desfecho da história, eu fiquei com o sentimento que toda a leitura foi perdida e que não há palavras para descrever o que você achou da história, que aliás, teve um final estupendo. Sei lá, a gente desconfia do que pode vir a acontecer, mas são tantas coisas que se sucedem que fica difícil se tocar. Eduardo soube utilizar muito bem os elementos que ele mesmo introduziu na obra, que nós leitores (com tantas informações a absorver) acabamos esquecendo-os, criando uma agradável surpresa, mostrando que o autor sabe como jogar.
Talvez somente essa resenha não seja suficiente para enaltecer sua grandeza ou talvez o livro não seja tudo isso que eu achei, mas que ele é uma boa história para refletir (isso é) e o melhor: é brasileiro.
Esse post faz parte do I Dare You 2.0 - Desafio Literário 2016, que possui três temas por mês, aonde só será preciso a leitura de um. O tema 1 de junho foi 'nacional'. Como eu estava com o livro na fila havia um tempo (desde janeiro), aproveitei a oportunidade para lê-lo.
Olá, Naty.
ResponderExcluirEsse livro do Spohr é realmente espetacular. Ganhou-me pela criatividade, pelo aprofundamento histórico (seja ele de costumes, seja ele de busca em livros, como a bíblia) e pelos personagens maravilhosos. Realmente esse é um livro que te deixa pensando bastante, durante e também depois da leitura.
É uma leitura que saio recomendando para todos.
Desbravador de Mundos - Participe do top comentarista de julho. Serão quatro livros e dois vencedores!