Arlequina (mensal) #2: Uma é pouco, duas é bom, sete...

A continuação do encadernado Arlequina: Lado a lado com a Poderosa

Não faz sentido, mas vamos lá

Continuando firme e forte nas bancas, a HQ da Arlequina prova que suas histórias realmente não fazem sentido. Mas afinal, o que poderia fazer sentido numa ex-psiquiatra que se apaixonou por um psicopata psicótico, foi rejeitada, alcançou sua independência e hoje tem a sua própria revista (além de ser integrante do Esquadrão Suicida e quem sabe em breve ter um filme solo próprio, isso sem contar que tem a pele branca e o cabelo de duas cores)?

A conclusão que eu tive ao ler essa segunda edição é que não faz sentido algum a Arlequina ser uma justiceira. Claro, eu acabei criando expectativas (inconscientemente) para onde a história vai me levar - ao que tudo indica, a lugar nenhum -, e quando essas expectativas não são atendidas, você meio que acaba se decepcionando. O segredo é não esperar muito, lendo despretensiosamente.

É meio difícil saber o que esperar de uma personagem que sempre funcionou como coadjuvante de outra (sidekick) - para aqueles que não sabem, Arlequina foi criada especialmente para a série animada como parceira de crime do Coringa, mas devido a seu relativo sucesso, acabou ganhando lugar nas páginas dos gibis, jogos e hoje estrela sua própria revista. Veja bem, eu estou feliz pela personagem ter ganho sua própria revista, mas ainda estou tentando me adaptar a ela. Uma coisa é você lê-la eventualmente, outra é mensalmente.

Sim, é estranho ver a vilã coadjuvante sendo transformada em heroína principal (à sua maneira claro) de uma história onde nada parece fazer muito sentido, e abusando o uso da metalinguagem. Fica aquela sensação de que não é a mesma personagem, mesmo sendo. Ou não, já que Arlequina é louca.

Sim, é isso que vem acontecendo na série mensal da piradinha.

A revista mensal #02 traz duas histórias (Harley Quinn 17 - 18), além de um prólogo especial (Sneak peek: Harley Quinn), que serve para nos apresentar à tal Gangue das Arlequinas, com direito a uma cega no papel de Oráculo, não pera... Aliás, é recomendável que os leitores com alergia a trocadilhos não prossigam com a leitura. Assim como mais uma vez a revista não faz sentido, os codinomes também não.

Para terem uma ideia, a coisa tá cada vez mais retardada e o nível de inimigos segue a mesma linha, com direito a participação do próprio "Popeye", umas algas que deixa quem come bem forte (ou dependendo do caso alucinações) e bastante zoeira, sem esquecer da violência é claro, mas sem ser explicito. Pegou o clima da coisa?

O problema desta HQ é a utilização, mais uma vez, de alucinógenos. Parece que a cada duas ou três histórias têm-se acontecimentos onde Arlequina pira legal com alucinações tão sem sentido quanto possível. Já ouvi dizer que isso é um artifício bastante utilizado pela Marvel com Deadpool, mas por favor, de vez em quando tá bom, não em toda revista, senão vira clichezão "e mais uma vez o dia foi salvo..."

Por ser continuação daquele encadernado que aparece a Poderosa, você pode (ou não) deixar a leitura da revista anterior de lado, o entendimento vai ser o mesmo. Já falei que a revista não faz sentido? É uma criminosa que luta contra o e a favor do crime...

E vem mais por aí...

Harley Quinn 17
Amanda Conner & Alex Sinclair

Arlequina 2: Uma é pouco, duas é bom, sete... - maio de 2016 - Amanda Conner/Jimmy Palmiotti e outros - 60 paginas - lombada canoa - capa couchê/papel LWC - em andamento/periodicidade mensal - Panini Comics - R$7,60

Se uma já bastava para enlouquecer até mesmo os mais sãos personagens do Universo DC, que dirá uma Gangue das Arlequinas? As coisas ficam ainda mais malucas, acredite se quiser, quando uma dúzia de palhaças de pele branca invade as páginas de sua nova revista mensal.
Inclui a online Sneak Peek: Harley Quinn (julho/2015) e as revistas Harley Quinn 17 - 18 (agosto e setembro/2015)