Em Chamas - O segundo livro de Jogos Vorazes

E se o livro não for tão bom quanto o primeiro?

Afinal, Suzanne Collins fez com que uma névoa fosse vista aos que terminaram o livro de Jogos Vorazes, imaginando como seria sua continuação.

Que a sorte esteja sempre com você!

"Depois da improvável e inusitada vitória de Katniss Everdeem e Peeta Mellark nos últimos Jogos Vorazes, algo parece ter mudado para sempre em Panem. Aqui e ali, distúrbios e agitações nos distritos são sinais de quem uma revolta é iminente. Katniss e Peeta, representantes do paupérrimo Distrito 12, não apenas vencem os Jogos, mais ridicularizam o governo e conseguiram fazer todos - incluindo o próprio Peeta - acreditarem que são um casal apaixonado.

A confusão na cabeça de Katniss não é a menor do que a das ruas. Em meio ao turbilhão, ela pensa cada vez mais em seu melhor amigo, o jovem caçador Gale, mas é obrigada a fingir que o romance com Peeta é real. Já o governo parece especialmente preocupado com a influência que os dois adolescentes vitoriosos - transformados em verdadeiros ídolos nacionais - podem ter na população. Por isso, existem planos especiais para que isso signifique força-los a lutar novamente."

Em Chamas - Suzanne Collins - 413 páginas - Rocco

Assim como o primeiro livro, Em Chamas é dividido em três partes - A Fagulha, O Massacre e O Inimigo -, que descrevem a estória como ela deve ser. Um livro aberto? Talvez.

"A Fagulha", assim como seu nome sugere é o inicio da vida de Katniss como vitoriosa e suas consequências perante o desafio contra a Capital e em como isso afetou não somente sua vida, afinal, agora ela é uma vitoriosa, como a de todos os telespectadores, dando assim a indícios de pequenos levantes em Distritos contra o sistema atual.

"Meus dedos estão decididos a lançar a flecha quando vejo o objeto na luva. É um pequeno círculo branco achatado que parece pãozinho. Na verdade é mais parecido como um biscoito. Cinza e úmido nas bordas. Mas uma imagem está claramente estampada no centro dele. 

O meu tordo."

Katniss começa a indagar e a sentir desespero, já que sua vontade de viver tornou-se uma 'fagulha' para toda Panem. 

"O Massacre", segunda parte do livro segue seu papel, o de ligar o início ao fim. Ele mostra que a Capital tem sua astúcia para conter os possíveis levantes, ainda mostrando quem manda em Panem. A cada 25 anos é realizado um Massacre Quartenário, uma edição especial dos jogos. Tudo indica que os participantes - vitoriosos de outros jogos - não foram escolhidos ao acaso, como se isso fosse programado após o término da septuagésima quarta edição. Essa parte torna-se quase um repeteco do primeiro livro, salvo algumas diferenças, onde Katniss e Peeta se veem novamente como participantes dos jogos vorazes.

"No aniversário de setenta e cinco anos, para que os rebeldes não se esqueçam de que até mesmo o mais forte dentre eles não pode superar o poder da Capital, o tributo masculino e o tributo feminino serão coletados a partir do rol de vitoriosos vivos."

Já a terceira parte, intitulada de "O inimigo" mostra todo o desfecho da estória, ou nesse caso, o que a fagulha em si causou em toda Panem. E Suzanne Collins soube se utilizar de artifícios para criar uma estória surpreendente. Talvez seja impossível não ficar pensando na continuação, tamanha a nossa inserção na estória. 

"As últimas palavras de conselho de Haymitch para mim. Por que precisaria me lembrar? Eu sempre soube quem era o inimigo. Quem nos deixa morrer de fome, nos tortura e nos mata na arena. Quem logo vai matar todas as pessoas que amo."

E sim, o segundo livro consegue ser melhor que o primeiro. Aliás, até melhor. Aqui, temos a participação de outros personagens muito bem construídos, ao contrário do que acontece no primeiro, salva algumas poucas exceções. E todos nessa parte, de alguma maneira são essenciais para sua conclusão, colocando literalmente "chamas" em toda trama, dando-nos apenas motivo para lermos sua continuação.

Por mais que esse livro seja melhor que seu antecessor, ele não possui defesas contra "momentos massantes", sendo até entedioso sua leitura em algumas partes. Por sorte, o final compensa muito. Afinal, foi dependendo disso para que ele pudesse ser concluído com maestria.

Se cada livro é composto por três partes, é bem provável que A Esperança, último livro da série seja assim também, afinal, estamos falando de uma trilogia, e tanto um livro como o outro parece servir de ponte para a conclusão que de alguma forma está presente no terceiro livro, construindo ao que parece ser uma boa estória. Estou rezando para que a estória não volte para a literatura do primeiro livro.

Não é à toa que essa série vem conseguindo todo o sucesso alcançado. Tudo bem que a versão cinematográfica contribuiu para esse crescente sucesso, porém sua temática ajuda bastante.

Suzanne Collins soube utilizar de artifícios já utilizados anteriormente para criticar abertamente os reality shows, a banalização da morte, um governo ditatorial e a desigualdade social e os únicos que tem a ganhar aqui somos nós, leitores!

E a sequência continua em A Esperança.