Interagindo com Frankfurt, literatura fantástica e preços do livros aqui no Brasil. Porque eu não podia deixar de comentar isso aqui no blog.
A feira, diferente do que todos devem pensar (inclusive eu) é mais para negócios sobre literatura sendo numa explicação simples uma bienal para editoras. 2013 é o ano do Brasil, justamente porque há mais chances de alguns dos livros produzidos por aqui serem traduzidos para outras línguas.
Se esse é o ano do Brasil em Frankfurt, porque Paulo Coelho recusou o convite?
Afinal, não é sempre que mesmo ele, um autor renomado é convidado para tal evento. O motivo é porque vários do autores brasileiros em ascensão, tendo em sua totalidade os autores de literatura fantástica para jovens leitores não foram convidados a participar. Nomes como o de André Vianco, Thalita Rebouças, Felipe Neto, Raphael Draccon e Carolina Munhoz foram literalmente descartados. Esse foi o jeito encontrado pelo autor para protestar contra o Ministério da Cultura, que é responsável pela escolha dos nomes.
Essa recusa causou um bom impacto na mídia. Afinal, ele é um dos dos autores nacionais mais conhecidos lá fora e já teve inúmeros livros publicados em outros países.
Esses autores, que de acordo com Paulo Coelho deveriam ter sido convidado, vem crescendo gradualmente nos últimos tempos. Para interagir com vocês, vou utilizar aqui o exemplo de André Vianco.
Atualmente, ele é o autor brasileiro que mais vende sob o gênero literatura fantástica e terror no país. Com cerca de 15 livros já publicados e mais de 100.000 cópias vendidas ele é ainda desconhecido por várias pessoas. Até certo tempo atrás, minha mãe não fazia ideia de quem ele era. O_O
Tudo isso acontece, aliás, porque ele faz parte de um grupo de autores que são 'amados pelos leitores e ignorados pela crítica especializada ou tradicional', aquela que escreve para revistas e sites renomados, como exemplo a Veja e Época. Só para se ter uma ideia, os lançamentos de seus livros contam com centenas, senão milhares de pessoas. Sua participação na Bienal do Livro de São Paulo do ano passado rendeu poucas 4 horas de espera para conseguir um autógrafo com direito a foto. E isso nos leva, consequentemente ao próximo assunto.
Sendo André Vianco o autor mais vendido nesse segmento, seus livros deveria ser baratos certo? Contudo, não é isso que acontece (e isso já é meu raciocínio). O fato é que não termos um mercado editorial brasileiro, como muitos acreditam e como eu acreditei até no meio da semana, mais sim um mercado editorial que publica obras estrangeiras, focalizando quase que a maioria de seus lançamentos neles.
Isso aliás, é uma coisa que me revolta muito. Livros nacionais mais caros que os estrangeiros. É a tal falta de reconhecimento da literatura brasileira. Se acontecesse o contrário, com certeza haveria mais escritores e mais livros nacionais em circulação. Quantos livros independentes existem por aí? Vários. Justamente porque a editoras se recusam a pegar um material novo, que veio do nada.
Se houve mais interesse das editoras nos escritores, é certeza que teríamos muito mais Paulos Coelho por aí, escrevendo ótimas obras. E os preços dos livros talvez não seriam altos demais. Vamos entender a lógica.
Editoras trazem livros estrangeiros para cá, porque em algum lugar eles já fizeram seu sucesso. Ou seja, o marketing já está meio caminho andado. Por que arriscar em algo desconhecido se podemos acertar com algo conhecido? É por isso que livros como 50 tons recebem mais impressões, fazendo com que a trilogia atualmente chegue a custar (pasmem) R$24,90. Já para livros nacionais, a coisa começa do ZERO. Então, vamos fazer poucas tiragens e vender a preços absurdos, como o livro A Noite Maldita, que ainda custa, e deverá custar pelos próximos meses R$64,90. Notou a diferença?
Editoras trazem livros estrangeiros para cá, porque em algum lugar eles já fizeram seu sucesso. Ou seja, o marketing já está meio caminho andado. Por que arriscar em algo desconhecido se podemos acertar com algo conhecido? É por isso que livros como 50 tons recebem mais impressões, fazendo com que a trilogia atualmente chegue a custar (pasmem) R$24,90. Já para livros nacionais, a coisa começa do ZERO. Então, vamos fazer poucas tiragens e vender a preços absurdos, como o livro A Noite Maldita, que ainda custa, e deverá custar pelos próximos meses R$64,90. Notou a diferença?
Já que não é certeza que tal título nacional irá vender, porque eu iria fazer grandes tiragens para que eles 'encalhassem' nas livrarias?
Eu me tornei fã de Paulo Coelho pela sua atitude. Afinal, isso foi uma forma de puxão de orelha para o que a nossa literatura tem a oferecer. O Brasil está sim se tornando um país de jovens leitores, basta agora acertar na composição.
* Para os que querem saber mais, não deixem de ler o texto Em plena ascensão... Fantasia Nacional ainda é ignorada pela Crítica Tradicional
* Para os que querem saber mais, não deixem de ler o texto Em plena ascensão... Fantasia Nacional ainda é ignorada pela Crítica Tradicional
Saudações
ResponderExcluirAcho que sua colocação foi bem incisiva e, deveras, bem justa.
Nobre Naty, 50 Tons em Porto Alegre (estive lá de férias há poucos dias atrás) estava custando a bagatela de R$15 (versão em inglês), em uma livraria de Shopping.
Realmente os leitores têm aparecido bastante no Brasil. Este é o momento de cativá-los, e não de fazer com que eles desistam da arte em si.
Ganhaste um aliado pela causa, nobre.
Até mais!