E houve uma época primitiva e selvagem
em que não havia TV paga, internet ou downloads. Um tempo estranho
em que se ouvia música em enigmáticos discos negros. Se você
quisesse ver seu desenho japonês favorito teria que sentar
comportado em determinada hora, com seu copo de Toddynho na mão, e
esperar começar.
Uma época em que se você chamasse alguém de
"otaku" provavelmente responderiam: "vai você pra
este lugar". Chamamos a estas eras primitivas de A ÉPOCA EM QUE
NINGUÉM CHAMAVA ANIME DE ANIME.
FANTOMAS (黄金バット)
O heróico Morcego Dourado |
Este anime fez a alegria dos
proto-otakus nos anos 70 e 80 com sua exibição na TV Record. Claro
que para os padrões de hoje a animação parece extremamente
primitiva, mas as aventuras do guerreiro criado pela civilização
atlante para socorrer a humanidade em momentos de perigo marcou a
memória afetiva de toda uma geração.
Eis a sinopse (sim, vou ter a cara de
pau de apelar para a Wikipédia, mas não façam isto na escola):
Dr. Still, um famoso arqueólogo deseja encontrar o continente
perdido de Atlântida, mas o robô do Dr. Zero afunda
seu navio. Somente ele sua filha, Marie, sobrevivem ao naufrágio, fugindo no supercarro. Durante a viagem necessitando de
água potável para seus motores, Sill e Marie pousam em uma ilha que
descobrem se tratar da lendária Atlântida, agora de volta à
superfície devido a uma explosão vulcânica.
Ao desembarcarem são atacados pelo robô gigante do vilão. Em sua fuga, encontram acidentalmente a tumba do imperador
Ogon Bat. Após decifrarem os hieróglifos, que dizem que a cada 10
mil anos, um grande mal ameaçará a Terra e somente o guerreiro que
está no esquife pode vencê-lo, Marie derrama água sobre o
esqueleto do sarcófago trazendo, Fantomas de volta a vida. O herói recém desperto destrói o robô gigante e salva Still e Marie.
Marie e o Dr. Sill tornam-se protegidos
de Fantomas e, quando necessário, Marie invoca o morceguinho dourado
que se torna uma tatuagem no braço de Fantomas.
Entre seus superpoderes, Fantomas é
constituído de um metal indestrutível, possui supervelocidade e
superforça. Além disso, pode controlar tempestades, criar
terremotos, voar e até viajar por outras
dimensões.
O vilão Zeroooooo
|
A série adapta o tradicional
personagem Ōgon Batto ("Morcego
Dourado") criado pelo escritor Ichigo Suziki e
o ilustrador Takeo Nagamatsu em 1931 para um gênero de
teatro itinerante que usava ilustrações e era então
popular no Japão.
A celebre série animada que fez
sucesso por aqui foi produzida pela Tele-Cartoon
Japan e animada pelo estúdio Daichi Doga entre 1967 e
1968 e teve 52 episódios realizados.
Honey, Honey (ハニーハニーのすてきな冒険)
No final dos anos 80 meninas sonhadoras grudadas na tela do SBT podiam divertir-se com um legitimo shoujo, embora não tivessem a menor ideia de que fosse tal coisa.
Sinopse (sim, sim, Wikipédia de novo):
Viena, 1907. A cidade oferece um banquete em comemoração ao aniversário da Princesa Flora. Vários líderes
e pessoas lhe propõe casamento. O belo ladrão Fênix,
disfarçado, está entre os presentes e interessado em roubar o
anel da princesa, uma joia dada a ela por um milionário brasileiro
chamada "O Sorriso do Amazonas". Ele arma uma cilada ao
ferir o orgulho da princesa alegando que sua beleza é reflexo do
brilho do seu anel. Ultrajada, a princesa esconde sua joia em um peixe
e o atira pela janela, chocando a todos os presentes. Fênix revela
seu disfarce e sai atrás do anel. A princesa Flora, então, promete
casamento àquele que lhe restituir a jóia.
Enquanto isso, a jovem órfã Honey
Honey (no Brasil adaptada como "Favo de Mel") trabalha como garçonete no banquete oferecido à princesa. Sem que ela saiba, sua
gatinha, Lily, acaba comendo o tal peixe jogado pela princesa (e
consequentemente, a jóia), o que a torna alvo de todos os
pretendentes da princesa e do ladrão Fênix.
"Favo de Mel" consegue fugir
com a gata num balão. A série gira em torno da fuga da
garota pelos quatro cantos do mundo (incluindo Paris, Nova York, Oslo, Londres, Monte Carlo e Gibraltar),
sendo perseguida pela Princesa Flora, os quatro pretendentes da
princesa: um índio americano (Jerônimo), o rei da Bélgica(ou Rei
Picareta), um militar alemão(Fritz Gestapo) e um milionário do
petróleo(Paulo Petro). Além deles é claro, pelo atraente e galante ladrão de jóias e seu gatinho Raul. Apesar de alegar perseguir a garota para
obter o anel, volta e meia Fênix ajuda a órfãzinha e acaba se apaixonando
por ela.
Um dos pontos fortes do anime é que
os personagens sabem que estão num anime. Em um episódio,
perseguindo Favo de Mel, o Rei Picareta diz:
-Espere Favo de Mel.
Lembre-se que posso torná-la rainha por um dia, e ela:
-Isso foi
noutro episódio, Picareta.
Entre as aventuras de nossa heroína, ela conheceu Romeu e Julieta.
Passando pelo Oriente
Médio, Favo de Mel ganha um tapete voador, e passa a viajar com
ele. No Japão, recebe o apelido de "O demônio do nariz
comprido", e chega até a se apresentar como tal para um grupo.
Ao final do seriado, um médico
consegue fazer com que Lily regurgite o anel, que vai parar nas
mãos de Fênix.
A série conclui
com a descoberta de que Favo de Mel é irmã caçula de Flora ao ser submetida pelo vikings ao seu hábito(?!) de fazer moças
caminharem sobre carvão em brasa. Favo passa pelo carvão e em seu
pé se vê a tatuagem da rosa, a mesma que a Princesa Flora tinha. O
rei dos vikings reconhece a tatuagem e deduz que a menina é sua
filha. A atitude de Flora perante Favo muda radicalmente: antes uma
inimiga que não media insultos perante a órfã, agora era amistosa,
referindo-se a ela como "irmãzinha".
Depois de tudo resolvido, Fênix devolve
o anel à princesa, mas esta volta a jogar o anel fora, sendo
acidentalmente engolido por um cachorro, reiniciando a perseguição
do anel pelos pretendentes. Favo de Mel casa-se então com Fênix.
O anime é uma adaptação do mangá Honey Honey no Suteki na Bōken (ハニーハニーのすてきな冒険),de Hideko Mizuno, publicado pela Shueisha em 1968.
Hideko Mizuno foi assistente de Ozamu Tezuka |
Os 29 episódios da série exibidos no Japão em 1981 e 1982 foram produzidos pelo estúdio Kokusai Eigasha e Toei Animation. No SBT a animação foi ao ar entre 1987 e 1989 (nada de Internet, lembram-se?).
Sim, houve uma época estranha e misteriosa em que animes passavam na TV aberta brasileira. Hoje soa como uma lenda urbana, mas sem dúvida esta presença na sala das pessoas ajudou a fixar a Cultura POP japonesa no imaginário de nosso país.
Atualmente temos uma acesso aparentemente infinito aos nossos produtos da Cultura POP favoritos, mas será que realmente valorizamos este privilégio?
Rogério Prado
Rogério Prado trabalha em um porão do FBI investigando casos inexplicáveis que ninguém mais leva a sério. Não, espere. Este é o Fox Mulder. Rogério Prado é só um cara que adora Cinema, Animação, Histórias em Quadrinhos e outras saborosas nérdices. Vou adorar receber sua visita: PALAVRARIUM
Que saudade! Mas não trocava o acesso ilimitado às séries por nada. ;)
ResponderExcluirHahaha. Pode ser Nícia, mas às vezes é bom ter consciência da "preciosidade" das coisas e hoje perdemos esta noção em muitos aspectos.
ExcluirSim, mas pelos vistos há quem tenha.
ExcluirSomos nostálgicos Nícia. Não é questão de achar o mais antigo melhor, é de ter consciência mais profunda do valor das coisas.
ExcluirEu percebo o que queres dizer.
ExcluirSaudações
ResponderExcluirViagem no tempo...
Nostalgia à porta com Don Drácula, Heidi, O Pequeno Príncipe, e muito mais...
Sim, uma infância na qual eu via anime sem ter noção que era anime propriamente dito. E sem o menor arrependimento...^^
Até mais!
sem duvida os anos 70,80 e 90 foram épocas importantes para muita gente,tudo era diferente,era mais gostoso de se viver,criei um Blog só de musicas dos anos 70,80 e 90 e é um verdadeiro sucesso,graças a Deus!lá os muitos comentários são em relação a isso,JÁ NÃO SE FAZ MUSICAS COMO ANTIGAMENTE,ERAMOS FELIZES E NÃO SABÍAMOS,parabéns pela matéria.há,caso queira conhecer o Blog esse é o link - http://flash-hits.blogspot.com.br todos serão sempre bem vindos obg!
ResponderExcluirCara, lembrou da minha infância Honey Honey... Era muito fã!! Engraçado é que sempre achei estranho essa história da gatinha que engoliu o anel... Ora, ela não cagava nunca!? Passou a série toda na barriga do bichana...
ResponderExcluirQuanto ao termo anime, realmente eu sou do tempo que se falava desenhos japoneses e não tinha esse papo de "otaku". Pra dizer a verdade até detesto esse termo... Teve até uma dubladora cinquentona que me bloqueou depois que respondi estupidamente quando chamei assim. Fiz isso de propósito porque semanas antes ele fez o mesmo comigo só por chamado de tia.
Quanto ao termo otaku, eu escrevi aqui nesse link o motivo de não gostar desse termo: Big Lui: Eu nunca serei Otaku!
Tem um pouco a ver com essa postagem daqui, eu acho. Bem, é isso... Bom trabalho e sucesso!
A quem se interessar a história da tal dubladora:
ExcluirTânia Gaidarji me bloqueou no Facebook…
Vixe! O texto tá cheio palavras faltando... Mas acho que dar para entender, ha, ha, ha... Pronto, chega de comentar aqui... Abraços!!
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