Três filmes que você PRECISA conhecer

Em meio a tantos lançamentos anuais é natural que algumas produções fiquem fora de nosso radar. 

Às vezes bons filmes fracassam na bilheteria e ganham lançamentos modestos por aqui, outras tantas vezes simplesmente são produções fora do padrão dos blockbusters que não chamam a atenção do grande público.

Seja qual for a razão, não é raro filmes excelentes passarem despercebidos. Vamos falar de alguns deles nesta postagem.

O LIVRO DE ELI (THE BOOK OF ELI)

Já foi dito mais de uma vez que os textos religiosos podem conter doses surpreendentes de violência e que homens considerados santos por alguns podem ter feitos coisas questionáveis.

Muito do drama básico deste pequeno grande filme vem daí. Denzel Washington (arrasador como de hábito) é o Eli do título, profeta perfeito para um mundo pós-apocalíptico, que fará de tudo para levar sua missão adiante: proteger um misterioso livro.

Seu nêmesis é o pequeno déspota vivido por Gary Oldman (ótimo como sempre) que vê no livro não apenas uma maneira de controlar as vidas, mas também os corações das pessoas.

Gary Oldman confere uma interpretação cheia de nuances a Carnegie.

O filme dos irmãos Allen e Albert Hughes joga brilhantemente com suas metáforas bíblicas, nunca soando piegas e carola. Apregoa o poder do conhecimento e  da crença de maneira apaixonada, com doses generosas e fortes de ação.

A linda e talentosa Mila Kunis aparece como a terceira ponta do triângulo, mas não como o interesse amoroso óbvio. Ela é a cética. A filha daquele mundo sofrido que acabará por forçar Eli a rever algumas de sua atitudes e talvez descubra uma nova motivação para sua vida.

Mila Kunis como Solara.

Com seus protagonistas trágicos e humanizados fica a certeza que valeu acompanhar a jornada de Eli até seu surpreendente desfecho.

O Livro de Eli é uma espécie de épico bíblico para tempos perturbadores e complexos. É a mistura bem dosada de Cecil B. DeMille  e Sam Peckinpah.

O VIOLINO VERMELHO (LE VIOLON ROUGE)

Será que as coisas têm alma? Será que os objetos carregam com eles os sentimentos com que foram feitos? Ou usados?

Este belo filme de François Girard segue o instrumento do título durante quatro séculos e por vários países do mundo, mas vai muito além disto. É a história das pessoas que entram em contato com este objeto. Seus dilemas e alegrias humanas e de como a beleza singular do som do lendário violino acaba por, de um jeito ou de outro, repercutindo em suas vidas.

É também um filme sobre a beleza da Arte, sobre como a paixão que colocamos nas coisas as torna especiais. 

Não se deixe intimidar pela áurea de "filme de arte". Assim como o violino que dá nome ao filme, este longa é pleno de alma e humanidade.

É preciso estar com o coração aberto para perceber a verdadeira alma da criação (como faz o personagem de Samuel L. Jackson) e quando o final do filme chegar, quando você descobrir o porquê da alma do Violino Vermelho, seu intelecto e seu coração já estarão encantados.

NÃO ME ABANDONE JAMAIS (NEVER LET ME GO)

Combinar Ficção Científica com uma história de amor pungente está longe de ser uma tarefa fácil. E fazer isto tão bem é apenas umas da qualidades do filme de Mark Romanek.

O diretor já havia surpreendido com o ótimo Retratos de uma Obsessão (One Hour Photo) e mostra versatilidade ao abordar uma trama totalmente diferente.

Vindo dos vídeo clipes, Romanek tem um refinado apuro visual, mas que está a serviço da história e da emoção dos personagens.

No longa acompanhamos o crescimento e amadurecimento de três amigos, Tommy (Andrew Garfield), Katy H (Carey Mulligan) e Ruth (Keira Knightly). Criados juntos no estranho colégio Hailsham, certo dia eles são confrontados com o terrível destino que os aguarda (numa das cenas mais tocantes do filme) e terão que viver e crescer lidando com isto.

Esta história sobre a grandeza e fragilidade dos sentimentos é imediatamente arrebatadora. Ainda mais contada com a elegância que o diretor imprime a narrativa e carregada pelas elas ótimas atuações do elenco.

Não me Abandone Jamais relembra-nos do valor de pequenos momentos, da força de gestos comuns, da importância de amar e se permitir amar antes que seja tarde.

Baseado no romance de Kazuo Ishiguro (publicado aqui pela Cia das Letras), Never Let Me Go, devolve às histórias de amor na Cultura POP (em uma época em que eles andam tão empobrecidas) seu sentido e sua beleza mais profundos.

Rogério Prado

Rogério Prado foi exposto aos misteriosos raios cósmicos e transformou-se em uma sensível criatura alaranjada de pedra. Não, esperem. Este é o Ben Grimm do Quarteto Fantástico. Rogério Prado é só um cara apaixonado por HQs, Cinema, Animação, Música, Literatura. Eu vou adorar receber sua visita na minha página: PALAVRARIUM