quinta-feira, 28 de julho de 2016

A vida sob a ponte Arakawa

O que é o amor?



Como todos sabem, mangá sempre teve uma grande diversidade temática, tendo títulos para todos os públicos, desde os mangás esportivos à comportamentais e até os clichezão básico aos alternativos, sempre específico para cada tipo de público.

Arakawa Under the Bridge é um desses mangás que poderíamos classificar como os "alternativos", os peculiares que atraem o público pelo diferente, tal como 20th Century Boys, além de ter chego em boa hora (20th Century Boys acabou).


Imagine que desde criança você aprendeu a seguir um lema e faz de tudo para levá-lo à risca, afinal, você é herdeiro de uma companhia e é um orgulho ter de usar uma gravata com os dizeres "nunca deva nada a ninguém" gravados. Logo de cara, conhecemos Kou Ichinomiya e vemos como ele, o herdeiro da Ichinomiya Company, após uma situação embaraçosa envolvendo suas calças vai morar embaixo da ponte após salvar uma garota que se diz ser venusiana que atende pelo nome de Nino (2-3, lê-se, ni-no-san), afim de retribuir um favor (o dela ter salvo a sua vida), mostrar o que é o amor, tornando-se assim sua namorada.

Ok, antes de qualquer coisa, o mangá é sim cheio de bizarrices e não para por aí. Tanto as personagens como as situações são complexamente bizarras e cheios de humor ácido, aonde alguns podem achar graça, outros não.

O ponto chave da história é que ela se passa abaixo de uma ponte da cidade de Arakawa (daí o porque do título) e os moradores debaixo da ponte são o ponto alto da obra, que lembram bastante as situações daquelas brincadeiras onde você escolhe ser quem ou o que você quiser, como por exemplo o Prefeito, que se autodenomina um Kappa (com direito a fantasia verde, com o zíper aparecendo), que assim como Nino se autodenomina um venusiana, o tal prefeito crê (e os outros também) que é um Kappa. Cada morador tem lá sua peculiaridade, tão excêntrica que para Kou significa que todos são totalmente pirados e se eu fosse falar de cada um que apareceu nesse primeiro volume o texto ia ficar maior do que já vai ficar. Só lembrando que Kou terá que morar lá, na companhia de tais pessoas.


Pode ser que você não consiga enxergar a essência da coisa toda logo de início e poderá achar que Arakawa Under the Bridge é uma história insana (tá, isso pode até ser verdade), com personagens insanos vivendo num lugar mais insano ainda, nem que seja para nos fazer rir. Aliás, é através dessa insanidade toda que conseguimos ver algo sob uma perspectiva diferente, sem esquecer que se trata de uma história de amor, bem diferente dos padrões dos shoujos que existem por aí .

A obra, além da temática insana, faz parte do gênero neossensioralista japonesa, que de acordo com o glossário da obra: "o neossensioralismo ('shinkankakuha' em japonês) defendia a experimentação e a compreensão sensitiva do leitor,[...] [...] trazendo uma literatura mais atenta às sensações e aos instintos do indivíduo em detrimento do realismo descritivo. [...]", do qual eu ainda estou tentando realmente entender o que significa na prática.

Arakawa traz, dentro da sua história, alguns assuntos reflexivos, como quando Kou, - ou Recruta (Ric) como passa a ser conhecido pelas bandas de lá -, tenta (inutilmente devo dizer) não julgar as pessoas pela aparência, mesmo que estas estejam usando fantasia de Kappa, ou quando Nino questiona porque nós, humanos, fazemos as coisas em troca de outra - quando Kou propõe uma gratificação por Nino tê-lo salvado. 


Por mais que Arakawa Under the Bridge seja bastante non-sense, traz uma boa história sem que precisemos nos preocupar com sua "estrutura profunda" para apreciar a obra, já que você vai ver o tempo todo, mesmo que não perceba, críticas veladas ao nosso comportamento social e até rir em diversas situações. Talvez esteja aí a sacada da obra (e do neossensioralista).

A edição nacional de Arakawa Under the Bridge está nos moldes padrões das publicações simples da Panini, com capa catornada e miolo em papel jornal com quatro páginas coloridas ao final do mangá, sendo estas em papel couché - que podem ser lidas de trás para frente (sentido oriental) e de frente para trás (sentido ocidental) com outro sentido -, com ilustrações coloridas na parte interna da capa e contra-capa, ao preço de R$12,90. O maior problema mesmo é o fato da coleção possuir 15 volumes, talvez eu não compre ela inteira, talvez sim, quem sabe. Haja paciência.


Arakawa Under the Bridge - maio de 2016 - Hikaru Nakamura - 180 páginas - concluída no Japão com 15 volumes - Planet Mangá (Panini) - R$12,90 - série bimestral

"ME MOSTRA O QUE É O AMOR?"
Ric é um jovem bem-sucedido, e Nino, uma bela garota sem-teto.
Às margens do rio Arakawa, tem início uma estranha relação.
Pela primeira vez no Ocidente, esta é uma obra neossensioralista recheada de metáforas irônicas e humor ácido. Afinal, é uma comédia...? Ou não?




"Com você, o melhor do riso e da melancolia"

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2 comentários:

  1. Gostei da análise. Sempre me falaram dessa obra, principalmente do anime, mas nunca me interessei. Agora, vendo por esse ângulo, parece bem interessante.
    E sobre o neossensioralismo, acredito que seja mais ou menos algo parecido com o existencialismo, usando das "expressões" e simbolismos para se apresentar. Não sei se estou certo, mas o perfeito exemplo disso seria Oyasumi Punpun.

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    Respostas
    1. Olha, é meio difícil não estranhar Arakawa Under the Bridge, mas se você ver dentro das entrelinhas, vai ver tudo o que a obra tem a oferecer. Ainda não sei se vou comprar o volume #02, pois séries grandes andam me enchendo o saco ultimamente, mas quem sabe?
      Vou procurar esse Oyasumi Punpun... fiquei curiosa pelo gênero

      Excluir

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