terça-feira, 14 de outubro de 2014

Henshin! Mangá: Um incentivo ao mercado nacional de quadrinhos

Antologia reúne os cinco finalistas do Brazil Manga Awards 2013/14



Os Vencedores do BMA

BMA é a sigla para Brazil Mangá Awards e é o primeiro concurso de mangá realizado pela Editora JBC, que se viu no momento certo para incentivar o mercado nacional de quadrinhos, dando uma chance para os novos talentos.


As obras deveriam ter de 24 a 32 páginas, tema livre e em português. E através de uma parceria da JBC com o Consulado Japonês, os inscritos no BMA puderam também participar do International Manga Award, prêmio realizado anualmente pelo governo japonês. 

Ao todo, foram 185 inscrições válidas, que foram separadas e avaliadas pela redação de conteúdo e comunicação da própria JBC, seguindo três critérios: arte, roteiro e originalidade. As 24 melhores histórias foram selecionadas para a fase final, com um corpo de jurados composto por Fábio Yabu (autor de Combo Rangers), Cassius Medauar (gerente de conteúdo da JBC), Arnaldo Oka (ex-chefe de tradução da JBC) e a Profª Drª Sônia Luyten (a maior especialista em mangá da academia brasileira).

Como prêmio, os cinco finalistas tiveram a oportunidade de ter suas histórias publicadas em formato de antologia, intitulada Henshin! Mangá, através do selo Ink.

Senta que lá vem história....


Quack - Kaji Pato

Baltazar, o humano, e seu amigo Colombo, o pato sofrem um acidente aéreo e embarcam em uma hilária aventura em terras exóticas. O mangá mistura comédia nonsense, ação e um pouco de drama, com uma arte cheia de personalidade e técnica nesta história sobre laços que unem dois amigos.

É de longe, a história mais fraca de toda a antologia. A apresentação e como são retratada as personagens me lembrou bastante o cartoon A Hora de Aventura, que tem Finn, o humano e Jake, o cachorro. O enrendo não empolga e você termina a leitura mais perdido do que os dois protagonistas que tinha um objetivo e se perderam no meio do caminho, esquecendo-o. Simples. Quack possui claramente alguns elementos das "histórias armadilhas", como muitas que existem por aí, daquelas que há o objetivo inicial e no decorrer da história vai aparecendo outros objetivos a serem cumpridos. Contudo, não serve como one-shot. É aí que você agradece do mangá ter histórias diferentes.

O curioso é enquanto li QUACK, foi difícil não imaginar uma audível "quack" em toda frase dita por Colombo, o pato.

Crishno: O Escolhido - Francis Anegelo Sbalqueiro Ortolan e Leilson Zeni

Quando a natureza começa a atacar a humanidade, com furiosas árvores vivas, Crishno, que fugia do ataque, é convocado por uma misteriosa cúpula de seres não humanos e recebe a notícia: Ele é o Escolhido. Agora Crishno deve liderar o contra-ataque, nessa história cheia de bom-humor, sátira de gêneros e muito mais.

Crishno não possui uma arte bonita, mas possui certa simplicidade, e senti certa semelhança de seu traço com o do Osamu Tezuka (sim, Crishno me lembrou o nosso robozinho Astro Boy). A história nos oferece diversos clichês, que são apresentadas por um simpático passarinho, que assiste a tudo de camarote. A sátira as obras estão presentes, basta reconhecê-las. Posso dizer que as furiosas árvores vivas são uma referência a Nausicaä do Vale do Vento.

A graça de toda a história reside em seu desfecho, um plot twist que acontece no clímax e que pode nos levar (talvez) a gargalhadas, sendo engraçado ao seu modo.

[Re]fábula - Nemuru Hitsuji

Nesta releitura da fábula da criação do zodíaco chinês, Deus ordena que haja uma corrida entre os animais, e apenas os 12 primeiros terão a honra de compôr o panteão dos signos. Assim, acompanhamos a sangrenta disputa entre o gato e o rato, cheia de truques, reviravoltas e trapaças, na qual é impossível saber o final.

Sabe o papel da quarta-feira numa semana? Pois é exatamente isso o que [Re]fábula significa aqui. A arte é melhor que as duas primeiras histórias, ponto. A história se baseia na corrida do signo chinês onde o rato enganou o gato, criando assim a rivalidade presente entre esses dois. No contexto somos apresentados a uma nova corrida e os dois tem agora a chance de decidir quem é melhor, com direito a uma boa luta e a uma repaginada no calendário do signo chinês.

Entre Deuses e Monstros - Pedro Leonelli e Dharilya Sales Rodrigues

Um artista é convocado a reformar um templo religioso, porém, o que o espera é uma jornada pela busca incessante da humanidade pela imortalidade, e o eterno conflito entre crenças e povos. Essa bonita e criativa história mistura diferentes tipos de arte e técnicas de narração, e como certeza você vai se emocionar.

Uma história com uma bela arte, nos inserindo na real natureza da série. Sua arte lembra bastante os vitrais de igreja, com cenas estáticas e sem traços de movimento, o que pode ser estranho para aquele que o lê, por se tratar de um one-shot houve pouco tempo para o desenvolvimento da personagem, mas consegue ser belo.

Starmind - Toppera TPR e Ryot

Artie e um garoto com dificuldades na escola e, por isso, se sente burro. Depois de levar uma bronca da mãe, Artie faz um pedido a uma estrela cadente: ser inteligente. Seu pedido é realizado, porém, da maneira mais inusitada possível.

Se eu fosse classificar qual das cinco tem a melhor história e arte, com certeza Starmind levaria essa honra. Seu enrendo empolga, com direitos a transformações, uma luta extraordinária e a citações a Nietzsche, Shakespeare e outros. Além disso tudo, a história mostrou-se extremamente divertida e eficiente.


A antologia serviu muito bem a que veio, muito embora a sua procura tenha sido pequena. A ação da JBC me lembrou o que visualizei em Bakuman, dos concursos que os novos talentos participam afim de conseguir emplacar uma série na Shonen Jump. De acordo com a web (o fato a seguir pode se tratar de um boato), dependendo do resultado, isto é, das vendas, as histórias podem vir a ganhar vida em um mangá próprio.

Além das cinco melhores histórias do BMA, há um pouco do contato com o autor, já que cada um teve direito, antes da one-shot, de se apresentar junto com seu trabalho. Houve também contato com o juri, que acompanha cada história com suas avaliações. Elas, aliás, me lembraram bastante aquele esquema de reality shows musicais, que tem o jurado que sempre elogia, aquele que fica no meio termo e aquele que apresenta as críticas, sendo em sua maioria negativas.

Henshin! Mangá foi publicado através do selo Ink, que será utilizado para obras nacionais publicadas pela Editora JBC. Os próximos lançamentos do selo serão os Combo Ranger e Robô Esmaga, e a segunda edição do concurso está prestes a acontecer. Fiquem de olho!


Henshin! Mangá vol 01 tem cerca de 144 páginas com ordem de leitura ocidental custando R$11,50.

Boa leitura!

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Um comentário:

  1. Legal saber disso. Se um dia eles fizerem um concurso pra light novels nacionais eu até que poderia tentar, mas de mangá eu não manjo nada.

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