O clássico moderno de George Orwell
1984 é uma das obras mais influentes do século XX, um inquestionável clássico moderno. Publicado em 1949, quando o ano de 1984 pertencia a um futuro relativamente distante, tem como herói o angustiado Winston Smith, refém de um mundo feito de opressão absoluta. Em Oceânia, ter uma mente livre é considerado crime gravíssimo, pois o Grande Irmão (Big Brother), líder simbolo do Partido que controla e a todos, "está de olho em você". No íntimo, porém, Winston se rebela contra a sociedade totalitária na qual vive: em seu anseio por verdade e liberdade, ele arrisca a via ao se envolver amorosamente com uma colega de trabalho Julia, e com uma organização revolucionária secreta.
1984. George Orwell, 414 páginas, Companhia das Letras
1984 mostra como seria uma nação totalmente controlada pelo governo, onde a palavra "liberdade" sequer existe, inclusive a do pensamento, considerada a mais grave de todos os delitos que alguém pode cometer. Teletelas são o principal meio pelo qual o governo vigia sua população e no meio de todo o totalitarismo está Winston Smith, nosso protagonista, que primeiramente se rebela contra o governo via pensamento para depois reclamar sua liberdade, envolvendo-se amorosamente com uma colega de trabalho e depois afiliando-se a uma organização secreta contra o Partido. Bem, assim Winston pensava.
O autor George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, utilizou-se de diversos elementos da época em que ainda estava vivo - morreu algum tempo depois após a publicação do livro - para compôr 1984, tema este que ainda continua um tanto atual nos dias de hoje - 20 anos após a predição de Orwell -. O conceito de comunismo utilizado por Orwell no livro não visa trazer igualdade entre seus conterrâneos, mas sim o poder absoluto do Partido, onde o Partido determina o que é certo e o que é errado. O Grande Irmão tem um quê de Stalin, sendo muito semelhante em sua descrição.
Em todos os patamares, diante da porta do elevador, o pôster com o rosto enorme fitava-o da parede. Era uma dessas pinturas realizadas de modo a que os olhos o acompanhem sempre que você se move. O GRANDE IRMÃO ESTÁ DE OLHO EM VOCÊ, dizia o letreiro, embaixo." p.12
O livro continua atual apesar da época, não somente pela linguagem utilizada mas pelas coisas que estão descritas na obra - que incrivelmente estão acontecendo em 2014 -, além de ser um livro com plano de fundo político, há um romance para alimentar a história e torná-la um tanto interessante, o que aperta o play em nossa leitura, conduzindo-nos a uma realidade com uma engenhosidade sem tamanho, onde o duplipensamento domina, com um indivíduo capaz de acreditar em duas verdades contraditórias ao mesmo tempo.
O Partido por si só é engenhoso. Não quer o bem-estar de seus cidadãos, somente o básico para que sobrevivam, afinal, é um governo que deseja poder. Não é somente a vida das pessoas que são controladas como tudo, desde a vida profissional, vida pessoal, memória, sentimentos... e aquilo em se acredita. Se o Partido disser que isso é verdade, mesmo não sendo, será. E ao olhos do Partido, 2 + 2, são 5.
'Quem controla o passado controla o futuro, quem controla o presente controla o passado', disse O'Brien, balançando lentamente a cabeça para demonstrar sua aprovação. 'Você acha, Winston, que o passado tem uma existência real?" p.291
As personagens são igualmente alienadas e de todas que aparecem na obra destacam-se somente quatro: Julia, a personagem feminina que aborda de uma forma indireta o desejo de Winston como homem e que ajuda a conduzir o romance; O'Brien, que aparece como intercessor do real significado do duplipensamento; Winston, que faz tecnicamente um papel de bobo até perceber a real do sistema em armadilha que vive, entendendo-o posteriormente e o Grande Irmão, o Deus de 1984 que a tudo vê e controla - uma alusão o fato do reality show da TV ter o nome do líder do Partido (Big Brother no original). O que curiosamente, e talvez poucos tenha consciência disso, se remete em nossas vidas atuais - representam seus papéis enquanto toda as outras são meros coadjuvante.
E as pessoas que viviam debaixo do céu também eram muito semelhantes - em toda parte, no mundo inteiro, centenas de milhares de pessoas exatamente como aquela mulher, pessoas que ignoravam a existência uma das outras, isoladas por muros de ódios e mentiras, e todavia praticamente iguais - [...]" p.259
1984, mesmo com todo o seu conteúdo político (distópico para a época) consegue ser profundamente perturbador, que nos faz indagar sobre sua importância de visão do futuro consegue se igualar a características presentes atualmente ou no mais estamos caminhando para isso.
Simplesmente amei a sua resenha. Eu tenho muita curiosidade sobre o livro e fiquei ainda mais tentado a lê-lo. Assim que sobrar um tempinho, vou encaixar a leitura.
ResponderExcluirDo autor eu já li A Revolução dos Bichos.
M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de outubro
É meu livro favorito. Bem interessante as ideias que ele coloca, realmente muito atuais e universais. O final me deixou sem fôlego, e me absorveu tanto que o 2+2=5 foi verdade na minha cabeça por alguns minutos. Agora faz a resenha da Revolução dos Bichos :)
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