sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Tom Sawyer de Shin Takahashi

Baseado no livro de Mark Twain



Mangá no padrão Death Note Black Edition nas bancas

Em 2013, a Editora JBC relançou o mangá Death Note em uma edição de luxo, sob o título de Death Note Black Edition, de Tsugumi Oba e Takeshi Obata, visando explorar os colecionadores. O título veio em seis edições que compreendem dois tankobons com oito páginas coloridas, papel especial e acabamento diferenciado e com lançamento restrito à lojas especializadas e livrarias.

Tom Sawyer de Shin Takahashi vem no mesmo acabamento, tendo sua diferenciação em ser volume único e com uma distribuição mais abrangente, além das lojas especializadas e livraras, nesse caso, também para as bancas.


"Haru via-se sem rumo na vida até aquele verão, quando voltou ao interior para o funeral de sua mãe e conheceu Taro, o menino mais travesso da cidade. Juntos, os dois viverão aventuras que a farão redescobrir a inocência da infância, numa singela e tocante história."

Antes de qualquer coisa, eu desconheço totalmente a história As Aventuras de Tom Sawyer de Mark Twain, na qual a Shin Presents se baseou para fazer o mangá. Contudo, dá para ter certa noção de como ela é (ou deveria ser), logo, o texto não apresentará nenhuma comparação.

A historia de Tom Sawyer é simples. Conta sobre como Haru, após voltar a cidade em que cresceu para o enterro da mãe é mal recebida pelos moradores (na verdade, ela nunca foi querida nessa vila). No meio de toda a pressão da vida adulta, Haru se envolve com um grupo de crianças local, em especial com Taro. É a partir daí que começa a se redescobrir, especialmente com os prazeres de ser criança - mesmo sendo uma adulta. A obra retrata aventuras inesquecíveis das férias de verão. 

A obra não apresenta nada fantástico demais, como heróis ou superpoderes, ou piratas que queiram se tornar O Rei dos Piratas, muito embora a obra em questão é citada pelos personagens em certo momento, trazendo a história mais para a nossa realidade.


Sendo um mangá shoujo, Tom Sawyer é sensível e dramático, onde vemos as transformações que Haru sofre durante seu retorno a pequena cidade. Ela é retratada ora como adulta, ora como criança, e sua redescoberta faz da personagem mais humana, ao modo que traz questões filosóficas e existenciais para o contexto como um todo. Como personagem, ela consegue facilmente questionar todos os preconceitos que os adultos têm e nos convida a fazer parte disso, como uma análise de nossa própria vida.

Taro aqui representa a inocência infantil e ele faz o papel principal de toda a mudança que Haru passa. É ele que ajuda, de uma forma bastante alegre a garota a lembrar-se do que era ser criança, dos seus "tempos de moleque". Com seus próprios problemas, ele coloca a paixão acima de tudo e juntos, consegue cativar aquele que os lê, inclusive a nossa protagonista. É interessante ressaltar que as outras crianças são retratadas igualmente, com um pensamento contra os adultos, querendo sempre serem crianças "nós vamos ser fiéis ao espírito Peter Pan".

Além das aventuras vividas pela dupla de amigos, o mangá traz bastante questionamento, como qual o significado de crescer? Por que os adultos são tão preconceituosos, verdadeiros juízes ambulantes, cheio de veredictos morais à torto e a direito? Haru faz todas essas perguntar (de uma outra maneira) e a principal: O que é um lar?


Shin Takahashi não é o único responsável por dar vida ao mangá. Uma equipe, intitulada Shin Presents sugeriu ideias e todos os membros são protagonistas e autores deste Tom Sawyer, livremente baseado na obra de Mark Twain, com toques pessoais de cada um, tornando este mangá único. Para os desavisados, Shin Takahashi é o responsável por Saikano, que deu as caras por aqui com o anime na extinta Animax, então não estranhem se o traço lhes parecer familiar. Aliás, a arte ajuda a dar toda a leveza que o mangá tem.

A edição brasileira de Tom Saywer vem com 384 páginas (as primeiras coloridas), com impressão nas capas internas e um prefácio escrito pelo próprio Shin para o leitor brasileiro. Seu preço, de R$23,90 assusta (e muito), mas após ter tal mangá em mãos, o investimento vale, ainda mais por propôr uma viagem até o nosso próprio passado, é um mangá a ser sentindo, não apenas lido.


“O que um lugar precisa ter para ser um lugar para se voltar?” (Haru)

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7 comentários:

  1. Pois é, R$23,00 me assustou, mas eu apostei nele da ultima vez que fui na Cultura, ainda não li, deixei ele na estante esperando a hora oportuna. E agora vejo que fiz uma escolha acertada na compra e vou ser compensada porque por tudo o que vc disse nessa resenha essa adaptação de Tom Sawyer foi escrita sobre medida para mim, ela tem tudo que eu gosto: reflexões, toques de existencialismo, shoujo e sentimento. Sentimento as vezes é o que falta nos livros e nesse parece que transborda!

    Aquele momento no qual vc se sente muito, muito, muito feliz!!! Aliás, eu sempre fico feliz quando venho aqui! :)

    Cheros, Pandora.

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  2. Já estava curioso, mas seus comentário me ajudaram a definir a compra. Me deu a impressão de que teve uma dose de carinho nesta adaptação, bom.

    Hasta

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  3. Eu não achei o preço tão assustador assim, até porque, mais de 300 páginas e com um trabalho bem feito é até natural esse valor

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  4. Saudações


    Nobre Natália, acredito que existe um pouco de exagero ao conotar o valor da obra como "assustador". Se levar em consideração o total de páginas, o material de capa e as páginas, a semelhança com livros em publicação será imediata, incluindo nisto o preço de venda. Desta maneira, por mais que dê a sensação de valor alto no primeiro momento, este mangá tem um preço mais do que justo pela sua apresentação no geral.

    Dito isto, o plot da obra soa tão harmonioso quanto na apresentação do mesmo, durante a FestComix no último mês de maio. Me encantei pela obra desde então e, de maneira vívida e contundente, a forma como prossegue o enredo de Tom Sawyer é das mais belas e harmoniosas possíveis.

    Sem a menor sombra de dúvidas, este é um mangá que vale muito a aquisição, certamente.


    Até mais!

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  5. Se realmente o mangá valer a pena, 23,90 passará despercebido de nossos bolsos.. rsrs

    Sempre gostei da encadernação do Black Edition. Por isso Tom Saywer é compra certa ♥

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  6. Parece muito bom!

    Acabei não pegando.

    Mas quem sabe se eu vir novamente em alguma comic shop...

    http://gotasdexp.blogspot.com.br/

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  7. Assim que o anunciaram tive interesse em comprar, mas como você mencionou, o preço me assustou e como ultimamente estou tendo que fazer a difícil escolha entre livros e mangás, acabei optando pelos livros, afinal vemos grandes títulos com o mesmo preço.
    Mas agora penso em dar uma chance, parece ser uma história linda e tocante.

    Um Abraço
    Samantha Artes e Books

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