Quando o filme é tão bom quanto o livro

E a culpa continua sendo de John Green, O.k?

Ok.

Adaptação é a transposição de uma obra literária para as mídias, tais como o teatro, a televisão, o cinema etc. No processo são feitos arranjos afim de adequá-lo a mídia em questão.
Há casos e casos de uma adaptação acerta em cheio, uns que nunca deveriam ter saído do papel e aqueles outros que consegue agradar os dois lados da moeda: o público velho e o público novo. Afinal, transpor o que está descrito em palavras para o real em algumas vezes pode ser um tanto complicada...

A Culpa é das Estrelas é aquele caso que eles acertaram em cheio a adaptação. 

"Diagnosticada com câncer, Hazel Grace Lancaster se mantém viva graças a um droga experimental. Após passar anos lutando com a doença, a jovem é forçada pelos pais a participar de um grupo de apoio e logo conhece Augustus Waters. um rapaz que vai mudar completamente a sua vida."

Assim como o livro, o filme também mostra a alegria e tragédia que é viver e amar. Transpor para a vida real (mesmo que seja uma obra de ficção) tamanha dramaticidade não deve ter sido fácil, ainda mais em se tratando de adolescentes, que devido aos hormônios possuem instabilidade emocional ao mesmo tempo que encanta pela sua sagacidade, o que não falta nesse filme. 

A Culpa é das Estrelas é um ponto fora da curva. O câncer aqui não é o bandido da história e sim a fonte de diversas piadas com rotina e de conformismo. Ao invés do tradicional clichê para obras que envolve esse tipo de trauma cheia da vitimização e autopiedade, Hazel e Gus brincam com frequência com fato de ter perdido uma perna, no caso dele, e de ter uma fraca capacidade pulmonar, no caso dela, tornando-o o longa doce e leve em diversos momentos. Gus aliás, não serve apenas como uma alavanca para a história, tendo inclusive seu próprio arco narrativo, dando mais dramaticidade na coisa toda. E bota dramaticidade nisso.

Seus personagens são igualmente divertidos e dão um charme para a obra como um todo. O personagem destaque da obra é Peter Van Houten (autor fictício de Uma Aflição Imperial), que foi interpretado pelo ator William Dafoe (o Duende Verde do primeiro filme do Homem Aranha), trazendo consigo tudo o que o personagem é, uma criatura desprezível que vaga pela Terra. 

O título da obra - tanto literária como cinematográfica - é uma variação de uma frase presente na peça "Julio César", de Shakespeare, na qual o personagem-título diz: "A culpa, caro Brutus, não está nas estrelas, mas em nós" traduz a ideia que a obra deseja passar: o câncer é somente um efeito colateral e assim como nós, ele só quer viver.

Para a alegria de muitos, o autor John Green participou da produção do filme, vetando as criações dos produtores de colocarem uma estrela cadente no final do filme e tendo, inclusive feito uma participação excluída na edição final, que muito provável estará presente nos extras de algum Blu-Ray. 

E bem como Danilo Leonardi disse em seu Booktrailer honesto sobre o livro, "Você vai chorar, chorar! Porque afinal, é do John Green que estamos falando."

A Culpa é das Estrelas é igual ao livro: você vai ver, vai se emocionar e ainda vai querer mais. Uma pena que o cinemark não distribuiu lenços de papel para as sessões desse filme.