Enquanto todos criticam o filme, eu fico com o livro
"Oi, eu sou um zumbi."
Em algum momento da história, os zumbis apareceram e agora o mundo está destruído. Os humanos normais fugiram para dentro dos enormes estádios de futebol e lá criaram suas pequenas comunidades. Mas nossa história é contada do ponto de vista de R, um zumbi que se arrasta como os outros, caça como os outros, come carne e cérebros (a mais fina iguaria) como os outros, mas que, às vezes, tem sonhos de como era ser humano, tenta se lembrar de sua vida anterior e filosofa sobre isso.
Um dia, em uma caçada, R encontra Julie e, no meio da carnificina, algo o impede de matá-la. Mas o que aconteceu? Será que ela era diferente? Serão Romeu e Julieta de um mundo pós-apocalíptico?
Sangue Quente - Isaac Marion - 256 páginas - LeYa Brasil
O livro já consegue ser diferente logo no início. Em vez de vermos tudo através de um sobrevivente - como a maioria dos livros sobre o tema fazem -, aqui somos apresentados a R, nosso narrador e protagonista dessa história para lá de zumbizesca.
Estou morto, mas isso não é tão ruim. Aprendi a conviver com isso. Desculpe não me apresentar da forma correta, mas não tenho mais um nome." p.13
Como descrevi no texto do Li até a página 100 e... #13 Sangue Quente de Isaac Marion, o livro possui diversas partes mórbidas e até inteiramente entediantes, visto que até o momento que R vê Julie, sua vida ou morte é insignificante o suficiente para depois tomar forma e se transformar numa boa história. Não leiam o livro pensando no filme.
R é o zumbi protagonista dessa história e é impossível sentir raiva do pobre coitado, justamente por ser agora uma casca vazia, com pensamentos e quem sabe consciência, que tenta de alguma forma preencher o vazio de sua morte com as memórias de outras vidas. Isaac Marion não somente deu um significado para a preferência de cérebros por parte dos zumbis como também uma explicação lógica. Agora sabemos porque eles gritam "miolos".
Como o cérebro e, durante uns trinta segundos, passo a ter memórias. Flashes de desfiles, perfumes, música... vida. E então aquilo vai desaparecendo." p.18
Além de ser um zumbi, R poderia ser um filósofo de seus semelhantes. Afinal, ele filosofa sobre e morte e também o que um dia já foi a vida.
Vendo pelo lado de Isaac Marion, o autor trouxe para o livro sentimentos. Sentimentos estes destinados as crianças órfãs em abrigos que o autor conheceu enquanto trabalhou como supervisor de visitas em pais em orfanatos. É algo que está no livro, justamente pelo fato de as crianças presentes na obra serem órfãs, onde perderam seus pais em algum momento durante o aparecimento dos zumbis.
Aliás, não é nos dado nenhum tipo de informação sobre a época que o acorrido se passa, somente "em algum momento da história". Esse livro também pode ser classificado como distópico, por mostrar o futuro de um mundo infestado por zumbis e em como os vivos fizeram para sobreviver até então.
Sangue Quente é um livro que erroneamente você começa lendo como um pré-conceito já definido - justamente por causa de sua adaptação cinematográfica -, e termina com um conceito: não julgar o livro pelo filme. Algo como "não julgue um livro pela capa". Aliás, é um livro que fala - vendo em suas entrelinhas - sobre aceitação e a vontade de lugar contra algo, de fazer acontecer, mesmo que para isso você tenha que ficar contra aqueles que querem seu bem ou nesse caso seu mal.
O romance à lá Crepúsculo é uma coisa que somente acontece no clímax do livro, a chave principal da história e seu desfecho. Nada que implique na leitura - caso você odeie romances -.
Sangue Quente (Warm Bodies no original) foi publicado por aqui pela editora LeYa em 2011, tendo sido publicado originalmente em 2010. A tradução ficou a cargo do atual gerente de conteúdo da editora JBC, Cassius Medauar. Com relação a erros gramaticais, encontrei somente alguns poucos durante a leitura, mas nada que venha atrapalhar o entendimento da história.
Tirando o comentário de Stephenie Meyer na capa - que faz jus a um livro à lá Crepúsculo -, sua capa é bastante expressiva, com direito a relevo no título.
Ficou curioso? Deixe seu pré-conceito de lado e leio-o. A experiência de alguma forma será agradável.
Desde que vi esse livro, tenho vontade de lê-lo. Vi muita gente criticando, mas não alterou minha vontade de ler.
ResponderExcluirAdoro zumbis.
M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista
Um tema da moda que nunca me interessou muito é zumbis. Apesar da sua descrição do livro ser interessante sei lá... Sou mais dos vampiros (a la Anne Rice, pfvr), que são os mortos-vivos elegantes e classudos e com uma bagagem história fabulosa.
ResponderExcluirMas ganhei um livro de um amigo chamado Zumbis versus Unicórnios, com várias crônicas. Das histórias de zumbis a que mais gostei é a de um zumbi contemporâneo que se apaixona por uma vitima e compara seu cheiro com macarrão com queijo. :D
Sabe que eu não curto histórias de zumbis! Pois é, elas não me atraem... porque acho que em um apocalipse zumbi corro o perigo de está no grupo de humanos nª 1 a ser transformado e no grupo de zumbi nª 1 a ser dizimado pelos humanos sobreviventes... Sou comum demais e nunca me identifico com personagem nenhum dessas narrativas.
ResponderExcluirMas, no caso de "Sangue Quente" eu vi boas resenhas sobre ele e um dos meus companheiros de virtualidade mais queridos demonstrou gostar dele então ele ficou bem cotado em minha lista e junto com sua resenha e essa sua provação... pronto... corro o sério risco de me ver lendo uma história de zumbi hsuahsuahsua...
Saudades monstro daqui Naty!!! Como me sinto bem navegando em teu blog!!!
Cheros, Jaci.
deveria ter feito como vc e fugido do filme, mas não fiz e acabei desanimando com o livro por causa do filme
ResponderExcluirbjos
Pah
Lendo e Escrevendo