terça-feira, 19 de abril de 2016

Apocalipse Zumbi: Os Primeiros Anos


Apocalipse Zumbi - Alexandre Callari - 2011 - 336 páginas - Generale

O caos reina no mundo. A civilização entrou em colapso. As comunicações, a energia elétrica e a vida em sociedade, como a conhecemos, praticamente se extinguiram. Nem toda a nossa tecnologia foi capaz de nos proteger e evitar que dois terços da humanidade morressem.
Os poucos que sobreviveram estão exaustos e tentam reunir o que ainda resta das suas forças e recursos para se manterem vivos. E, para piorar, eles não estão a sós. Dia e noite, são perseguidos pelo contaminados - sempre à espreita com seus olhos vermelhos, pele pálida, dentes podres e uma terrível sede de sangue e de carne humana.
Nesse cenário de terror e desesperança, Manes luta fervorosamente para manter sua comunidade unida. Ela subside em uma construção cerca por paredes de concreto chamada Quartel. Porém, quando alguns de seus membros estão em apuros do lado de fora, sendo cruelmente caçados pelos contaminados, Manes parte para resgatá-los. A sua ausência e a chegada do enigmático Dujas abalam severamente o tênue equilíbrio interno do Quartel, colocando em risco a vida de todos. O perigo e o medo tomarão conta daquele que é um dos poucos redutos em que homens e mulheres vivem em "segurança".

Um livro tão humano quanto fictício


Apocalipse Zumbi: Os Primeiros Anos narra (como o próprio nome já sugere), os primeiros anos de um apocalipse zumbi onde sem maiores explicações e de uma hora para outra (pelo menos do que foi explicado), mais da metade da população cai morta e da metade que sobrou, a maior parte se torna zumbi - ou como são chamados aqui: contaminados.

Dentro desse contexto, um grupo de sobreviventes liderados por Manes toma conta de um quartel abandonado criando assim uma comunidade que passam a lidar juntos nesse mundo pós-apocalíptico. Até que uma missão de resgate da errado enquanto um novato nada bonzinho põe tudo a perder se aproveitando de intrigas internas. 

Muito embora o livro traga todo o enfoque e atenção no combate dos vivos contra os contaminados, ele consegue ser um livro extremamente humano e por vezes bastante filosófico e profundo (tanto que dá vontade de usar grande parte do livro como citação). Sua narrativa é cheia de detalhes e consegue transferir para o leitor toda a tensão da situação, tanto que houve vários momentos que eu simplesmente não conseguia retomar sua leitura, por não estar preparada (no momento) para o seu realismo.

Alexandre Callari conseguiu transmitir para a obra toda a essência dos livros do gênero, mostrando que o verdadeiro perigo reside nos vivos e na pressão que o estresse pós-traumático do dia "Z" (como ficou conhecido o fatídico dia) ainda reflete vivamente nos sobreviventes, onde os muros do Quartel trazem uma falsa segurança aos seus moradores, que precisam encarar seus próprio demônios diariamente, como uma bomba prestes à explodir, onde os contaminados são só mais um problema a espreita da sua próxima vítima.

Aliás, é a partir daí que o novato Dujas (anagrama para Judas) se aproveita da situação, trazendo a tona aos moradores a fragilidade que o lugar representa sem seu líder (e ditador), onde são discutidos problemas sociais que não deveriam fazer o menor sentido dada a situação que a humanidade se encontra, mas que ainda existem, tais como a escolha da sexualidade de um individuo, mostrando que não importa que em situação estaremos, o preconceito ainda vai estar lá.

Apesar de ser um livro extremamente humano, Callari acaba pecando um pouco quando insere pequenas cenas clichê minimamente impossíveis de serem realizadas, forçando detalhes que não fariam a diferença se não existissem (ou talvez fizessem, já que alterariam o curso da história). Inclusive, o autor ainda brinca com isso quando um personagem questiona o quanto é "chichê" o plano que colocará em prática contra os contaminados diante de uma situação extrema. Claro, não esperaria planos que daria para por em prática, mas em se tratando de uma obra bastante realista, faltou realismo em algumas cenas de ação.

Por possuir muitos personagens, a leitura acaba se tornando um pouco cansativa quando o autor resolve apresentar as personagens antes e depois do tal dia "Z", não dando tanto espaço para o desenvolvimento dos mesmos, tornando-os um pouco rasos - além é claro, de Dujas, que consegue fazer o papel de coitado e depois ainda se auto intitula imperador do local. E uma coisa que me incomodou um pouco foi o nome escolhido para seus personagens, que não são lá muito comuns, tais como Manes, Cufu, Conan, Espartano e Zenóbia. Ao que parece, todos os nomes trazem significado de acordo com a personalidade de cada um e esse estranhamento fez com que eu não me identificasse com nenhum personagem em comum. Vai ver eles serão melhores trabalhados no próximo livro:

Ainda complementando a edição, o livro traz algumas ilustrações por Brunet Franklim e Mau Vasconcellos, que nos ajudam a visualizar as cenas descritas. Contudo, algumas acabam sendo cartunescas e pouco realistas, não condizendo com a cena que pretende ilustrar, como se fossem um peixe fora d'água, sendo, inclusive ineficazes, uma vez que a narrativa detalhista de Alexandre cumpre com maestria seu papel.

A edição de Apocalipse Zumbi ficou responsável pela Generale e foi impresso em papel Lux Cream - que eu não recomendo parta leituras em dias de sol num ônibus. Como "brinde", vem incluso um CD com trilha sonora, com músicas escritas e compostas pelo próprio Alexandre Callari - que de acordo com umas pesquisas, só se tornou viável graças a um projeto de financiamento via Catarse. São 7 faixas com letras e melodias que possuem certa relação com a história - só não escuto enquanto leia, a não ser que você consiga prestar atenção em duas coisas ao mesmo tempo.

Além de ser um livro bastante extenso, a "tática" utilizada pela Generale assusta um pouco e engana o leitor. Você acha que 336 páginas de Apocalipse Zumbi são pouco e que a leitura se dará rapidamente, mas a edição traz letras menores do que a padrão dando o efeito contrário, fazendo com que o livro tenha o dobro de seu tamanho. Daí que vem também a canseira, mas que dê certa forma, funciona bastante, não deixando o livro ter 672 páginas por exemplo.

E ele tem continuação...


O livro Apocalipse Zumbi: Os Primeiros Anos foi cedido em parceria com a editora Generale para resenha

Esse post faz parte do I Dare You 2.0 - Desafio Literário 2016, que possui três temas por mês, aonde só será preciso a leitura de um. O Tema 1 de março foi '+ 300 pág'. Como eu havia acabado de receber o livro, não vi nenhum empecilho para não utiliza-lo no desafio.

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2 comentários:

  1. Olá, Naty.
    A premissa desse livro é bem interessante, apesar de eu preferir livros que especifiquem bem o motivo do apocalipse zumbi. Outro ponto que talvez me incomodasse são as cenas menos reais nos embates. Contudo, isso não me impediria de ler a obra. Como gosto de zumbis, daria uma chance.

    Desbravador de Mundos - Participe do top comentarista de abril. Serão três vencedores!

    ResponderExcluir
  2. Sinceridade? Não gostei! Achei que é um livro que promete muito e cumpre pouco! Estou em uma faze literária de aproximação com o gênero terror, mas ainda sou uma leitora de terror reticente, então vou com calma e posso errar mais esse eu vou pular!

    Pandora
    O que tem na nossa estante

    ResponderExcluir

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