sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Só Você Pode Ouvir (kiminishika kikoenai)

Dividindo meus sentimentos



Porque esta é a história de alguém que quer se comunicar... de ouvir e ser ouvido

Outro mangá de Hiro Kiyohara, o mesmo artista de Another e escrito por Otsuichi, Só Você Pode Ouvir (kiminishika kikoenai no original) conta a história de Ryu, uma garota com dificuldade de se comunicar e que gostaria muito de ter um telefone celular. O desejo é tão forte que ela começa a imaginar como seria o seu "celular dos sonhos" em todos os detalhes. Até que ela se imagina fazendo uma ligação desse tal celular imaginário. E alguém do outro lado atende.



Só Você Pode Ouvir traz uma sensação inicial, aquele primeira impressão que a história não vai dar em nada, mas que no final nos surpreende com um enredo simples. Para começar, ele nos mostra toda uma realidade, que no caso, são pessoas com seus celulares, afinal, vivemos na era digital, onde não ter um celular é considerado estranheza e na história é justamente o que acontece. Ryu não se encaixa na "sociedade escolar" justamente por não ter um aparelho. Contudo, não nos é apresentado nenhum motivo sequer para que Ryu não tenha um celular, que aliás, não atrapalha em nada a história.

O desejo que Ryu sente de ter algo semelhante não é como um sentimento de inveja, mas justamente por não fazer parte de nenhum grupo, de ser excluída justamente por não ter o tal aparelho, como se isso fosse um pré-requisito, resultando em uma consequência, problemas para se relacionar. 

Sabe a impressão que a história não vai dar em nada? Isso acontece justamente quando a garota torna-se obcecada pelo aparelho, dando-nos a impressão que a trama não vai andar para frente, que vai ficar só naquilo. Só que não. A história possui seu desenvolvimento na hora certa, inserindo o surreal, a conversa que Ryu tem de um aparelho que existe somente na sua imaginação. E como descobrimos, de outras pessoas também. Uma delas é Shynia Nozaki, que é aquele que dá sinal de que o tal celular mental funciona fazendo uma ligação para Ryu; a outra é inserida em uma tentativa de teste de Ryu em fazer uma ligação. Falar mais sobre ela seria spoiler demais.


O curioso é que Shynia acaba ajudando Ryu. Por não se relacionar bem, não consegue expressar o que deseja e acaba sofrendo chacota até do professor, que goza do jeito com o qual ela fala. Além disso, é considerada antiquada, por usar um relógio de pulso, enquanto todos olham a hora utilizando um aparelho celular. Outro aspecto, é que os dois encontram-se em tempos diferentes - uma hora de diferença, estando conectados por um simples e forte desejo, o de ouvir e ser ouvido. 

Romance não é o foco da história. É mais uma obra sobre o destino, daquela coisa: o que está predestinado será assim, não importando o que você faça para mudar. Sua conclusão fatídica pode levar os mais sensíveis a lágrimas, mas ele consegue mexer com você de uma maneira diferente, tornando essa uma experiência única que precisa ser sentida.

A história tem a duração necessária para um mangá de volume único (um one-shot). Sem se prolongar demais e com consistência para seus acontecimentos, vamos descobrindo junto com a protagonista o funcionamento da coisa toda, que curiosamente não tem lógica nenhuma. Aliás, celular mental também não possui um, mas funciona nessa obra.  


Só Você Pode Ouvir originalmente foi um conto escrito por Otsuichi e adaptado para mangá por Kiyohara. Não espere uma trama sobrenatural só por causa de seus antecessores por aqui - Another e Tsumituski -, pois sua história é sensível e cativante. Vindo no mesmo formato desses dois exemplos, o mangá tem aproximadamente 200 páginas com algumas páginas coloridas em seu início e impressão nas capas internas por R$13,90.

E entrando na onda. O texto foi escrito por uma leitora imaginária.

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5 comentários:

  1. Curiosa a premissa. A arte parece bem agradável. Engraçado que pareceu realmente diferente este post, talvez por este mangá ter te tocado de forma diferente.
    Até acreditei que era uma escritora diferente.

    Me convenceu a procurar a obra, pela aparente delicadeza dela. Parabéns pelo texto.

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  2. Não conhecia esse mangá, mas achei a premissa bem diferente e também original. Acho que leria e, principalmente, iria gostar.
    Excelente resenha.

    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de dezembro

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  3. Estranho ver uma obra por aqui do mesmo autor de Another que não seja sobrenatural, mas enfim, parece uma boa dica de mangá. Se sobrar algum centavo da enorme lista de compras que tenho com os mensais e bimestrais, eu leio xD

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  4. Olá~
    Amei o jeito que você escreveu.... Não sei se foi impressão minha, mas soou diferente.
    Me interessei pelo mangá. Se eu der a sorte de encontrá-lo, comprarei no ato (se o dinheiro se fizer meu amigo). :o
    Abraços~

    ~Nankin Dust

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  5. Olá, Naty!
    Mais um post legal! ^_^ Esse era um título que eu automaticamente descartei da minha lista de interesse, quando soube que ia lançar, porque não me ligo em Another e tampouco nos mangás do autor. Mas esse mangá parece ter pontos interessantes. Parece ser uma história até ingênua, digamos, mas bonitinha. Além disso, parece ser um one shot que vale o preço, então, se encontrar na banca, certamente comprarei.
    Obrigada pela dica! ♡ Até mais!
    - Chell
    http://notloli.blogspot.com.br/

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