Battle Royale - Koushun Takami - 2014 - 664 páginas - Globo Livros
Em um país totalitário, o governo cria um programa anual em que uma turma do ensino fundamental é escolhida para participar de um jogo. Os estudantes são levados para uma área isolada, onde recebem um kit de sobrevivência com uma arma para se proteger e matar os concorrentes. Uma coleira rastreadora é presa no pescoço de cada um deles. O jogo só termina quando apenas um estudante restar vivo. Ao final do Programa, o vencedor é anunciado nos telejornais para todo o país.
As regras do jogo foram criadas de maneira que não haja um forma de escapar. E a justificativa da matança é mostrar para a população como o ser humano pode ser cruel e como não podemos confiar em ninguém - nem mesmo o nosso melhor amigo da escola.
O Jogos Vorazes japonês?
Em algum momento de 2011 eu tive a oportunidade de ler o primeiro volume do mangá Battle Royale, que até então foi publicado pela falida Editora Conrad. Seu traço trazia um ar de realismo demais para alguém com mentalidade de pós 18 anos, tanto que eu simplesmente não consegui terminar a leitura desse volume. E, eis que em 2014, surge a oportunidade de adquirir a obra que originou o mangá e o live action, e de lê-la em 2015.
Battle Royale é mais uma história distópica (que querendo ou não, eu pareço adorar o gênero), que se passa num Japão com um governo totalitário que tem um programa anual, aonde uma turma do nono ano do Ensino Fundamental (onde os estudantes tem aproximadamente 15 anos) é escolhida aleatoriamente e levada para uma ilha onde o único objetivo é que os estudante matem uns aos outros dentro de um prazo de três dias, onde só pode haver um único sobrevivente.
Difícil não notar as semelhanças com o "bestseller" Jogos Vorazes, da autora Suzanne Collins (um dos três livros que mudaram a minha vida). Só a premissa inicial já seria o suficiente para se chegar a tal conclusão, mas acontece que a autora bebeu tanto da fonte que vários outros elementos foram transpostos para sua trilogia, inclusive sua conclusão - embora cada obra tenha seguido seu próprio caminho. Embora Suzanne tenha afirmado que não conhecia Battle Royale na época e do próprio Koushun Takami ter dito que não a processaria, as semelhanças estão lá para quem quiser ver. E as suas diferenças também, sendo talvez isso que faça com que um não seja cópia do outro, afinal, "cada livro tem algo novo a oferecer".
Enquanto Jogos Vorazes trata sobre a sociedade, Battle Royale é sobre o indivíduo. Battle Royale trata sobre a pessoa como um ser único, sobre como cada um perde a razão diante da realidade imposta, isto é, aceitar ou não a participar do Programa, quando a verdadeira natureza do ser humano desperta diante das ameças, pressão e do medo, provando que sim, podemos ser cruel com nossos semelhantes.
Battle Royale possui uma narrativa que nos possibilita um visão privilegiada de todo o Programa, uma vez que o autor não se limita somente a dupla de protagonistas Shuya Nanahara e Noriko Nagakawa, ambos nº15, mas em cada personagem individualmente (ou coletivamente, se assim forem as circunstâncias) de maneira tão minuciosa, que mesmo com a quantidade de personagens (42 alunos de uma sala), fica fácil o reconhecimento por parte do leitor. Contudo, esse tipo de estratégia pode ser cansativa em alguns momentos, ainda mais porque o autor se aprofunda no desenho psicológico de cada personagem, tendo cada qual sua importância na trama. Aliás, talvez para facilitar o reconhecimento, cada aluno é representado pelo nome e também pelo número de chamada.
Mesmo que o livro não traga um vilão declarado - que poderia ser o governo -, esse papel pode ser atribuído à alguns estudantes durante sua narrativa. Porém, como o livro trata da crueldade humana perante as adversidades, a desconfiança fica com esse papel, pois é através dela que toda a história acontece.
Battle Royale é um livro para aqueles que gostam de distopias, carnificina, de romance (que acontece bem de leve e não é o ponto forte/chave da história) e acima de tudo, para aqueles que estão atrás de uma boa história.
A edição brasileira do livro ficou a cargo da Editora Globo Livros, traduzido direto do japonês por Jefferson José Teixeira, com um acabamento espetacular que é de dar água na boca de qualquer leitor. O livro, para quem não sabe, foi o que originou o mangá e o live action. O mangá foi publicado (com muito sacrifício) pela Editora Conrad de 2006 à 2011, totalizando 15 volumes. Seu filme em live action saiu em dezembro de 2000 e foi estrelado pelo ator Takeshi Kitano e a atriz Chiaki Kuriyama, a colegial de Kill Bill. Em setembro de 2014, a Editora NewPOP lançou o mangá Battle Royale: Angels' Border, em volume único que mostra a história das meninas do farol.
Que comece o jogo!
Nunca vi/li nenhum dos dois, mas caso fosse para escolher um deles eu pegaria Battle Roayle por essa questão de cada individuo ter um psicológico bem traçado. Personagens bem desenvolvidos me empolgam :3
ResponderExcluirAliás, já devo ter te recomendado Helter Skelter (japonês. Tem obra americana com mesmo nome mas historia bem diferente). Extremamente agoniante e pega no psicologico, só que com modelos, agentes, produtores...
Olá, Naty.
ResponderExcluirEu tenho Battle Royale, mas ainda não tive tempo de ler, até porque ele é um baita tijolo. haha
Não sabia dessas semelhanças com Jogos Vorazes, série que eu já li, aliás. Pelo visto, há uma série de elementos que Battle "emprestou" a Jogos Vorazes. Estranho é falar-se tão pouco disso.
Sua resenha me animou a encarar o meu tijolo. Assim que tiver tempo, ele estará em primeiro na lista.
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Ando um tanto cansada das distopias, mas sempre leio resenhas positivas sobre Battle Royale que dá até vontade de ler! E bem, mangás da New Pop sempre são bem-vindos kkkkkkkkk
ResponderExcluirO que tem na nossa estante