Gotham: onde a cidade é a protagonista

Uma história alternativa de Batman

Como toda boa história do morcegão, o seriado Gotham começa com o assassinato de Thomas e Marta Wayne (e ainda tem gente que pede que não matem mais o tio Ben em Homem Aranha). De acordo com a sinopse: "o detetive novato Jim Gordon luta contra o crime e a corrupção em Gotham para vingar o assassinato dos pais de Bruce Wayne."

Por mais que possa parecer, James Gordon (interpretado por Ben Mckenzie, o  Ryan Atwood de The O.C.) não é o protagonista da série como imaginávamos, embora exerça esse papel - e como os primeiro episódios do seriado dão a entender), Gotham na verdade não é focado totalmente no funcionamento do GCPD, mas na cidade e em seus habitantes em geral. Assim como o sombrio está presente em qualquer obra com o logo DC Comics (que nem o Homem de Aço escapou), seu cenário lembra bastante um eterno pesadelo, pois mesmo quando alguma cena está sob o sol do meio dia, a cidade ainda está nublada e cinza.

Mesmo que a série não foque exclusivamente no GCPD e no novato detetive Gordon, a série possui um grande potencial para dar um belo show policial, ao mesmo tempo que busca apresentar as estrelas do show, com aquela fórmula do vilão da semana, mostra um pouco de como este ou aquele vilão dos quadrinhos surgiu. 

É legal, e até bastante empolgante como os produtores começam a mudar essa fórmula. Por mais que haja alguns queixas das menções óbvias com alguns personagens, com características próprias de cada vilão, talvez o trunfo da série seja exatamente este. São alguns exemplos, ver Edward Nygma falando através de enigmas/charadas, ou quando Selina Kyle (com 14 anos) é chamada de "cat" por seus contemporâneos de rua. Claro que as menções não param por aí, e mesmo para alguém como eu (que tem conhecimentos limitados ao desenho animado, aos filmes dos anos 1990, da nova trilogia e uns quadrinhos que viraram "clássicos") dá para entender de boas.

De todas as personagens que a primeira temporada teve a honra de nos apresentar, sem sombra de dúvida a mais impactante e cativante foi a do Oswald Cobblepot, que aparece logo no primeiro episódio como "o garoto do guarda-chuva" e sua ascensão no mundo do crime, que pode ser considerado como um dos mais famosos vilões do Batman e a fantástica atuação de Robin Lord Taylor ajudou bastante, pois cativa o telespectador. É curioso que o nome Pinguim que ele adota - com bastante relutância até - não vem da sua forma física, mas sim do seu jeito de andar, que ele faz depois que sustenta uma lesão na perna.

Embora Gotham traga esse feeling de introdução, uma nova personagem (vilã, claro) foi criada exclusivamente para a série. Fish Mooney não é apenas a personagem nova que (por enquanto) só aparece na primeira temporada, na verdade, foi uma grande sacada que os produtores tiveram ao introduzi-la, uma vez que ela se torna a ponte entre Cobblepot, Bullock (parceiro corrupto de Gordon que apareceu mais na série do que nas hqs segundo uns comentários por aí), Falcone e outros. Interpretada por Jada Pinkett-Smith (esposa do ator Will Smith), seu destaque ajudou bastante para a atenção que a série vem recebendo. Uma vilã bem construída, cativante e persistente, além de ser uma personagem forte em meio ao ar sombrio da cidade.

Claro que falar de Gotham e não mencionar Bruce Wayne seria o mesmo que comer hambúrguer e esquecer das fritas (um grande pecado). Uma vez que toda a história tem início com o assassinato de seus pais, assim como para os vilões, aqui temos uma outra perspectiva do jovem Bruce, que acaba adquirindo tendências investigativas quando vê que tudo o que vem acontecendo na cidade desde então tem alguma relação com as Industrias Wayne, sendo sempre, é claro, auxiliado pelo seu faz-tudo mordomo Alfred. Contudo, seu papel não fica só nisso. Também vemos como a relação com Gordon cresceu, à ponto do próprio Batman confiar nele futuramente, uma vez que inicialmente o detetive assume para si a responsabilidade de encontrar quem foi o assassino dos pais do garoto e não ser corrupto como a maioria (embora tenha seu lado obscuro também, afinal, ser santo em uma cidade como Gotham é difícil).

Gotham funciona muito bem como uma história alternativa para Batman e seus coadjuvantes. Alguns dos personagens que ficaram apagados nos quadrinhos têm o direito de brilhar enquanto novos são adicionados a longa lista de vilões que em algum momento passaram pela cidade.

Como eu disse acima, meus conhecimentos em Batman são limitadíssimos, mas a série serve tanto para os fãs do morcegão como para quem está a procura de uma boa história. E o melhor, sem fantasias (até o momento).

A série de televisão americana, criada por Bruno Heller foi baseada em personagens da DC Comics dentro da franquia Batman. Aqui no Brasil, a primeira temporada estreou na Warner Channel no dia 29 de setembro de 2014, totalizando 22 episódios, estes que estão disponíveis na locadora vermelha desde agosto de 2015 (é uma boa para quem quer maratonar alguma série). Atualmente, a série encontra-se na sua segunda temporada e é exibida pela Warner Channel todas as segundas-feira sempre na faixa das 22h30.

"Bom, tenho que ir. Tchau, fique com o Batman!"