Kobo Glo: 10 motivos para ter e 3 motivos para não ter

Ao infinito e além

Considerações sobre o e-reader Kobo Glo

O futuro chegou. E inacreditavelmente estamos em 2015, ano que o filme De Volta Para o Futuro II veio (ou seria foi?). Claro, algumas coisas se concretizaram, outras não. Mas estamos caminhando cada vez para a modernidade. E eu ainda imagino que criem uma máquina que lave, seque e passe a roupa. Seria útil demais. Mas eu não vim aqui para falar sobre o que foi ou não acerto no filme De Volta Para o Futuro II, até porque faz anos que eu assiste ao filme e a revista Superinteressante 342 (janeiro 2015) fez questão de nos informar isso. 

Vamos ao que interessa:

A primeira vista, ele é extremamente estranho. Especialmente se você nunca tinha lido em dispositivos móveis e tenha achado inútil a tentativa de ler algo via computador. Posso dizer que o primeiro livro que li utilizando o Kobo foi Se Eu Ficar (que será resenhado posteriormente), com base na leitura deste e em algumas HQ's, como Calvin e Haroldo - E Foi Assim Que Tudo Começou e o Fábulas #01 e após eu zerar a bateria do mesmo, trago à vocês algumas considerações do mesmo.

O Kobo é um leitor de e-books (livros digitais que pode ser lido em equipamento eletrônicos) desenvolvido pela empresa Kono Inc, sediada em Toronto, no Canadá, que permite os usuários comprar, baixar, pesquisar e o mais importante, ler livros digitais, jornais, revistas e quaisquer outras mídias digitais através de um dispositivo.
Dos modelos que a empresa já lançou estão o Kobo Touch, Kobo Mini, Kobo Glo, Kobo Aura HD e o Kobo Aura. Não podemos esquecer do Kobo Ark que além de ser e-reader, também é tablet. O modelo que eu adquiri no último Natal, como um presente a mim mesma foi o Kobo Glo.

Veja agora 10 motivos para ter um Kobo Glo e 3 motivos para não ter um (baseado em utilização própria)

1- Confiança

É claro que eu iria apostar em uma empresa que possui anos nesse ramo, ao invés de tentar um e-reader novo no mercado (Lev da Saraiva) ou um que me deixaria "presa" à loja (Kindle da Amazon), o Kobo Glo, com venda exclusiva da Livraria Cultura já traz confiança ao usuário, dando-nos a escolher qualquer loja/site para comprar/baixar e-books (menos é claro, a Amazon, que fez o favor de criar um formato exclusivo para seus e-readers), sem contar que o Glo tecnicamente seria sua terceira versão. Então, por que não?

2- Luz Confortável

Diferente de outros aparelhos eletrônicos (tais como celulares e tablets) o Kobo Glo difere dos atuais smartphones, por não cansar os olhos do leitor. E o melhor é que a sua luz confortável (ComfortLight no original) se adequa a você e ao ambiente e não o contrário. Além de você poder ajustar a luminosidade da luz quando ligada, ela ilumina somente a página e não o seu rosto e o restante do quarto, fazendo com que a leitura se torna mais prazerosa sem agredir seus olhos e as pessoas que estão dormindo no mesmo recinto que você.

3- Fontes e tamanhos

Assim como você pode ajustar a luz de fundo, você também pode ajustar o tamanho da fonte, da página e alterar a fonte (caso você esteja cansado de ler com a mesma fonte sempre). E dá também para dar zoom, que é bastante útil na leitura de um HQ.

4- Marcações, anotações e dicionários

Quem lê inevitavelmente faz marcações, por achar aquele trecho importante, por ser a chave para algo dentro da história ou simplesmente porque gostou daquela citação. Há aqueles que o fazem utilizando post-it (como é o meu caso) e ou rabiscam o livro com lápis ou caneta marca textos (lamentável). E consequentemente, vem as anotações, que são bastante úteis na hora de fazer aquela resenha. Com o Kobo, basta passar o dedo em cima da frase e selecionar (o problema é conseguir selecionar o trecho de primeira). E quando se faz isso dá para fazer as anotações. E o legal é que elas podem ser visualizadas após a leitura, sempre que desejar. Outra coisa legal é marcar a página do livro sem estragar o livro. 

Quem lê também se depara com muitas palavras desconhecidas, sinônimos ou não de outras palavras. E sabe também que é um tremendo saco ter de parar a leitura para procurar aquela palavrinha que está atrapalhando o entendimento da frase e do contexto. O Kobo, após a atualização inicial, instala dois dicionários no aparelho: um de português e um outro inglês-português. Quando aparece a tal palavrinha é só selecioná-la e procurar ou no dicionário instalado no aparelho ou se quiser via internet com uma conexão via rede wi-fi.

5- Progresso de leitura

Ao invés de sabermos em qual página do livro estamos, pelo número da página, sabemos através do progresso de leitura. Ele é atualizado a cada página virada e medido em porcentagem. O curioso é que só sabemos o número da página que estamos naquele capítulo. É ótimo para aqueles que usam a frase "só mais um capítulo" como desculpa para passar a noite acordado lendo.

6- Tenha a sua biblioteca portátil

O Kobo Glo vem com 2GB de memória interna. Comparado com o Aura HD que vem com 4GB é pouco. Mas a melhor parte é que há opção de expansão para até 32GB com um cartão micro sd. Eu coloquei um de 4GB, então terei bastante espaço. Não 30.000 como anunciam (para 32GB), mas o suficiente para ler o que estiver ao meu alcance.

7- Duração da bateria

De acordo com o site uma única carga no Kobo Glo dura até um mês com asterisco. A duração da bateria depende do uso individual e o resultado efetivo pode variar. O um mês de vida útil é baseado na leitura de 30 minutos por dia, virando uma página por minuto, com a ComfortLight ligado OU desligado. Eu comprei meu Kobo Glo no dia 21 de dezembro e após algumas cargas (ele carrega instantaneamente quando é conectado ao computador) sua carga durou até hoje (11/01), cerca de três semanas. O aparelho pode ser carregado conectado ao pc ou a um conector de força. 

8- Vários tipos de arquivos suportados

O formato "oficial" (aqueles legais que você compra)  para e-books é o Epub. Mas o Kobo Glo suporta outros formatos, entre eles o PDF, JPG, GIF, PNG, TIFF, TXT, (X)HTML, RTF, CBZ e CBR. Dos que eu já testei, o epub é com certeza o melhor. Tudo bem que a maioria dos e-books gratuitos estão em pdf, e esse formato pelo que eu testei até o momento é o mais limitado de todos (muito embora eu acredite que o txt fique com essa honra). Digo limitado justamente pelo simples fato de você não poder fazer nada, a não ser dar zoom. Não consegue-se fazer marcações nas frases e muito menos anotações e eu desejo silenciosamente quando leio "baixe e-book grátis" que o formato seja em epub. Para quadrinhos (hahá, enganou-se quem achou que os e-readers são usados somente para livros), que podem vir em jpg ou pdf e cbr ou cbz eu conclui que o melhor formato é o cbr, e acredite, não é difícil achar HQ's nesse formato. Descobri também que é possível converter de jpg para cbr e o melhor, sem a ajuda de nenhum programa, a não ser o winrar. O único problema de ler HQ é que tem que estar sempre no zoom.

9- Mais leve que um livro

O Kobo Glo pesa 185 g. Ele é super leve e prático para esconder na bolsa. E há case exclusivos para ele, e talvez tenha sido isso que me fez decidir pelo Glo ao invés do Aura HD (além do preço). Claro, eles não são baratinhos como os de celulares e tablets, mas o que é um investimento que vale a pena em algo que queremos que dure bastante e que protega. O case chama-se Case Sleep Clover justamente por ter um dispositivo que colocar o glo automaticamente para dormir, embora eu desconfie disso daí. E acreditem, eu ainda não tive coragem de tirar a película protetora de fábrica. 

10- Nunca diga Nunca

Sim, eu comprei o Kobo justamente por curiosidade. Como é ler e-book num dispositivo próprio? Todos sabemos que ler e-book e qualquer outra coisa no pc (inclusive os gigantes textos que escrevo por aqui) é deveras cansativo. Mas em um dispositivo próprio para isso não. Eu escrevi dispositivo próprio não? Muitas pessoas (eu inclusive) tive o pré-conceito que e-books são ruins e eu havia dito que nunca pagaria por algo que não seja de papel (até comprar por encomenda eu não gosto). Só que sim, eu comprei um e-reader e acabei comprando e-books (o preço vale) e inclusive li um deles em um dia, mesmo já tendo alguns e-books no pc. É esse o problema atual da humanidade: julgar algo que não conhece porque não tem ou nunca viu. Como uma pessoa pode reclamar que e-books são ruins se nunca leu em um dispositivo próprio (e-reader), baseado em uma experiência de lê-lo no computador, celular ou tablet? É a mesma coisa que eu comparar as funcionalidades de um tablet com um computador. 

E espero que com esses 10 motivos, você leitor cético veja um e-reader com bons olhos. 

Agora os pontos negativos, porque tudo na vida tem seus dois lados.

1- Touch e velocidade

O Kobo Glo possui touch screen e acredito que todos os atuais e-readers são assim. Se você está acostumado com o touch do seu celular e/ou do seu tablet, o touch do Glo não vai ser igual ou superior. Ele na verdade vai ser inferior, com um tempo de resposta a lá tartaruga. Ou, se o glo fosse cuidar de uma, fugiria duas. Acho que a pior parte é para fazer as anotações. Sim, aparece um teclado, e haja tempo para acostumar com a lerdeza. Ao menos ele ensina paciência.

2- Ele trava

Sim, até o Kobo que não tem sistema android ou o windows trava. Mas o principal motivo é justamente o ponto negativo número 1. Quando se quer que o e-reader funcione como um celular android, ele não vai conseguir acompanhá-lo. Verifiquei isso antes de pensar em correr para a Livraria Cultura e falar que o aparelho estava defeituoso (eu não o fiz, mas cogitei a fazer).

3- Costume

Esse não deveria ser um ponto negativo, mas é. A partir do momento que você leu seu primeiro livro no Kobo, você nunca mais vai querer ler livros comuns, justamente por causa do conforto. Estou tendo sérias dificuldades em ler As Crônicas de Gelo e Fogo - A Fúria dos Reis devido ao seu tamanho. Tive a péssima ideia de começar a ler um livro (O Silmarillion) na época que fui comprá-lo e estou com a ideia de procurar/comprar o e-book só para lê-lo no Kobo. Não que isso vá fazer que só desejar comprar e-books, já que eles não vão substituir os físicos - e pesquisas recentes mostram que isso está longe de acontecer. Eu vejo como um ponto de escape. Tenho vontade de ler livros para conhecer, mas não tenho coragem de comprá-los - porque uma das piores coisas da vida é comprar algo que você não vai gostar. E também para substituir o "só por encomenda" que as atendentes da Saraiva adoram tanto falar a seus clientes. Os e-books ficam disponíveis 15 minutos após a confirmação da compra, ou seja, são mais rápidos do que qualquer Sedex 10 e úteis. Não é preciso muito para se acostumar com o Kobo, basta ler um livro e pronto, já era.

Mais uma coisa. Ele é todo em preto e branco. O que acaba dando um ar retrô. Coisa que não impede em nada a leitura, especialmente quando se refere a quadrinhos. Faz parte aliás.

É triste, porém, que os e-books e os e-readers não tenham se popularizado tanto quanto especulavam. E o pré-conceito vai longe. E por isso eu repito "nunca diga nunca." Hoje eu até considero comprar e-books ao invés de livros físicos, mesmo que um não venha substituir o outro - até porque e-book não tem cheiro.

*desculpem pelas fotos, mas a câmera do celular não ajuda. E as fotos aparecem com a capa de Se Eu Ficar porque eu tinha tirado o cartão de memória.