segunda-feira, 3 de abril de 2017

Ouro, Fogo & Megabytes: O Legado Folclórico Volume 1


O Legado Folclórico volume 1: Ouro, Fogo & Megabytes - Felipe Castilho - 2012 - 288 páginas - Gutenberg

Como esconder uma suspensão escolar dos pais, resgatar uma criatura mágica das garras de uma poderosa e mal-intencionada corporação e ainda por cima salvar o país de um desastre sem precedentes?
Anderson Coelho, um garoto nada extraordinário de 12 anos, divide sua vida entre a pacata realidade escolar e uma gloriosa rotina virtual repleta de aventuras em Battle of Asgorath, jogo de RPG online em que jogadores do mundo todo vivem num universo medieval, cheio de fantasia. Lá, Anderson - ou Shadow Hunter, nome de seu avatar - tem vida de estrela: é o segundo colocado do ranking mundial. E são justamente suas habilidades que chama a atenção de uma misteriosa organização, que o escolhe para comandar uma missão surpreendente junto com um grupo de ecoativistas nada convencionais.
Ao embarcar para São Paulo, Anderson mergulhará de cabeça em uma aventura muito mais fantástica que as vividas em seu computador. Os encontros com hackers ambientalistas, ativistas com estranhos modos de agir e muitas criaturas folclóricas oferecerão a Anderson Coelho respostas não só sobre sua missão, mas também sobre sua própria vida, enquanto um novo mundo se descortina diante de seus olhos.

E quem disse que o Folclore Brasileiro é ruim, com certeza não soube explorar muito bem o que a cultura tem a oferecer. 

É exatamente isso que Felipe Castilho faz com a série O Legado Folclórico, com releituras (como o próprio afirma na página do livro no Facebook) dos mitos que odiamos. Ok, talvez odiar não seja a palavra certa, mas é certo que muitos brasileiros não gostam do folclore brasileiro justamente porque temos que aprender sobre ele "forçadamente" na escola. Isso sem contar na desvalorização do folclore por nós mesmos, aonde o "internacional" é sempre melhor.

Ponto para o Felipe Castilho, porque ele conseguiu utilizar a nossa cultura criando uma série de quatro livros (quadrilogia?) - o quarto provavelmente chega esse ano -, tão bem que ultimamente inclusive, o livro está sendo adotado por escolas (nota do próprio Felipe).

Aqui, assim como acontece com todo livro que se utiliza de mitos (como Rick Riordan com seus deuses modernos na série Percy Jackson ou mesmo o grande Neil Gaiman em Deuses Americanos), Felipe soube fazer releituras dos mesmos, inserindo-os em uma grande aventura, fugindo do "convencional", com um protagonista negro (embora eu não me lembre de Hugo Escarlate, o nosso Harry Potter brasileiro ser branco) e as lendas vivas em situações ativistas, numa luta em prol do meio ambiente, tratando sobre esse tema sem ser brega ou chato, cheio de reflexões para quem quiser refletir.

Este primeiro livro narra a ajuda que Anderson Coelho (nosso mineirinho herói) da para a Organização (uma ONG sem fins lucrativos) que "colhe boas ações" das pessoas, como cada um fazer a sua parte afim de evitar ainda mais a sujeira da cidade, como por exemplo, jogando lixo no lixo. Essa Organização é formada por pessoas excêntricas, como o Patrão, um saci-pererê, um boto-cor-de-rosa, uma meiassereia, um meio caipora, um lobo-guará e vários órfãos.

O principal objetivo que Anderson tem com a Organização (pelo menos aqui nesta história), é a de resgatar a Mãe D'Ouro das mãos do empresário Wagner Rios, que através dos poderes folclóricos da entidade, conseguiu enriquecer no ramo de exploração de minérios, passando a atuar em outro setores. Pois bem, Anderson é contratado como hacker, para se infiltrar na empresa Rio Dourado.

 Anderson é o que poderíamos chamar de "nerd", como um dos melhores gamers de um MMORPG ("Battle os Asgorath"), sendo o segundo melhor no game. Por se tratar de um livro bastante "atual", onde temos um protagonista que passa mais tempo no mundo virtual do que no real, a narrativa acabou ficando cheia de referências a cultura pop, tornando a coisa mais divertida (se você entender a referência), tudo isso no cenário já conhecido da capital paulista, São Paulo (onde a maior parte da história se desenrola).

Felipe Castilho mostra que sabe escrever boas histórias, e não apenas lançar as referências de qualquer jeito no livro. Além da boa história, ainda somos presenteados com uma boa releitura para o folclore brasileiro, mostrando que suas lendas estão mais vivas do que antes. E até hoje eu não entendo como demorei tanto tempo para começar sua leitura, terminando em um recorde de dois à três dias de leitura (tá, estar desempregada ajudou bastante).

Então, se querem uma boa história com saci, cucas, boitatá e mais que o folclore tem a oferecer, não devem passar longe da série O Legado Folclórico. Recomendado à todos que pretendem ler uma boa história brasileira.

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