Para quem é fã de determinado autor, seja ele de livros, séries, filmes e mangás é absolutamente normal que venha a surgir curiosidade a cerca de todas as suas obras, em especial a primeira, aquela que trouxe seu prestígio e que o ajudou a moldar suas características, muitas vezes já presente na obra inicial.
Com o CLAMP não foi diferente.
Sendo o primeiro lançamento oficial do grupo CLAMP, RG Veda foi publicado originalmente em 1989 pela revista mensal Wings quando ainda era uma equipe de onze pessoas, que no decorrer do lançamento da série, veio se moldando tornando-se no que conhecemos hoje, composto por quatro mulheres: Mokona, Nanase Ohkawa, Satsuki Igarashi e Tsubaki Nekoi.
Digo primeiro lançamento oficial do grupo, pois antes seus trabalhos eram doujinshins, que são mangás produzidos e distribuídos de forma independente, derivando da palavra dojin (grupo de pessoas) e shin (revista).
Doujinshin de Saint Seiya |
RG Veda usa elementos da mitologia hindu e do budismo para contar uma história épica de conflitos entre deuses e fala sobre uma profecia que pode mudar tudo. As características utilizadas por Clamp nessa obra trata da Mitologia Védica (o título é uma alteração de Rigveda, o mais antigo dos quatro escritos religiosos Hindu conhecidos como o Vedas).
A profecia, aliás está presente em todos os volumes da obra, com o intuito de ser um verso por mangá... como afirmou uma das autoras no volume #07.
O mais incrível de tudo é a textura dos traços, sendo uma das principais características do CLAMP como nós a conhecemos hoje. Traços finos e um grande detalhamento das cenas. É difícil, quase impossível de achar um defeito na obra tamanha perfeição. Um marco, já que se trata de sua primeira obra.
Se você conhece algumas obras do CLAMP, entre eles Tsubasa RESERVoir CHRoNiCLE, você vai achar vários personagens conhecidos, como Soma, Ashura e outros, já que o grupo tem o péssimo/bom hábito de reciclar seus personagens em outras obras. Eu, como fã que sou das autoras não vejo isso como problema, elas sabem fazer uso disso de maneira única.
RG Veda possui, desde seu início uma abordagem mais adulta, se formos considerar com outras de suas obras. Entre outras, é clara a abordagem subtendida do grupo com os relacionamentos de seus personagens, que friso em não possuir nada de explícito. É uma abordagem bastante parecida com a presente em Sakura Card Captor. Sabe, aquela da Tomoyo com a Sakura, Toya e Yukito, Rika e Prof. Terada.... Só que mais intensa!
Aqui, os relacionamentos fluem de forma natural para com a estória e seu desenvolvimento não é forçado ou fingido. Se passa por natural justamente por ser quase despercebido, sendo notado no clímax, onde é dado mais ênfase na coisa toda. É bem aquela coisa. Eles são, mais e daí? Faz parte e todos gostamos.
E bem, por se tratar de uma estória cheia de conflitos é impossível que não haja sangue e mortes. Por mais triste que possa parecer, é o destino que todos estamos fadados e nem os belos personagens desse mangá escapam dela, cada um tendo seus momentos belos e trágicos. É incrível que até a cena mais triste de todas possa ser uma das mais belas do mangá.
Não sei vocês, mais parece que o CLAMP tem fixação por "promessas". É além da profecia, o que rege a trama toda. É incrível como isso tem a ver com a tal profecia, que é um destino imutável, provando que o destino é quem manda e não adianta o que você faça, ele não irá mudar.
O final não deixou a desejar em nenhum ponto (segundo meu ponto de vista), não havendo nenhuma ponta solta, desde o jeito que a estória se iniciou até o rumo que tomou para ser finalizada. São dez volumes em que tudo acontece e não há nada jogado na nossa cara de qualquer jeito. Tudo teve seu tempo, seguindo seu próprio ritmo, que por sinal foi ótimo.
Eu não poderia ter esperado coisa melhor.
RG Veda possui tudo: um belo traço, personagens bem trabalhados e uma bela estória. O que mais eu poderia esperar? Por mais que o mangá seja como um todo triste, ele merece uma atenção. E ter suas expectativas superadas é tudo!
A edição brasileira de RG Veda ficou a cargo da Editora JBC, a mesma responsável por outras obras já comentadas aqui. Este foi o último lançamento inédito até o momento do CLAMP pela editora, já que outras obras do quarteto estão sendo publicados pela concorrente NewPOP.
O mangá foi publicado por aqui desde novembro de 2012 - tendo sido lançado no 19º Fest Comix -, até julho de 2013 - se minha memória não falha -, com um total de 10 volumes.
O formato é o mesmo de Soul Eater, com cerca de 200 páginas por volume sendo quatro coloridas, tendo como o papel padrão da JBC, o brite 52g. Aquele tipo de papel utilizado pela editora desde junho do ano passado que é um pouco mais branco que o de jornal.
Todos os volumes, com exceção do décimo contam com alguns extras, entre eles o "Jornalzinho CLAMP versão pirata RG Veda", ao que tudo indica, era para ter os free-talks das autoras sobre a obra. Era porque até o sexto volume, o Jornalzinho CLAMP acaba sendo um repeteco do presente na primeira edição, que conta com a apresentação do quarteto.
A profecia, aliás está presente em todos os volumes da obra, com o intuito de ser um verso por mangá... como afirmou uma das autoras no volume #07.
"Seis estrelas caem do céu, e se rebelam tornando-se estrelas das trevas.
Deverás se deparar e seguir teu destino já traçado.
Sairás em uma jornada com um bebê, levado pela extinção de um clã.
Mesmo oscilando entre o bem e o mal, esse bebê tem em mãos o destino do mundo celestial.
Seis estrelas devem se unir.
Haverá um enviado das trevas que descerá dos céus.
E regerá as órbitas das estrelas em suas mãos, manipulando tanto as estrelas das trevas como as do céu.
Nem mesmo minhas "visões" são capazes de avalia-lo.
Criarás a chama vermelha que incendiará todo o mal,
Após todas as seis estrelas serem oprimidas, não haverás como domina-la.
E então...
Tornareis a "ruptura" que destruirá os céus."
O mais incrível de tudo é a textura dos traços, sendo uma das principais características do CLAMP como nós a conhecemos hoje. Traços finos e um grande detalhamento das cenas. É difícil, quase impossível de achar um defeito na obra tamanha perfeição. Um marco, já que se trata de sua primeira obra.
Se você conhece algumas obras do CLAMP, entre eles Tsubasa RESERVoir CHRoNiCLE, você vai achar vários personagens conhecidos, como Soma, Ashura e outros, já que o grupo tem o péssimo/bom hábito de reciclar seus personagens em outras obras. Eu, como fã que sou das autoras não vejo isso como problema, elas sabem fazer uso disso de maneira única.
RG Veda possui, desde seu início uma abordagem mais adulta, se formos considerar com outras de suas obras. Entre outras, é clara a abordagem subtendida do grupo com os relacionamentos de seus personagens, que friso em não possuir nada de explícito. É uma abordagem bastante parecida com a presente em Sakura Card Captor. Sabe, aquela da Tomoyo com a Sakura, Toya e Yukito, Rika e Prof. Terada.... Só que mais intensa!
Aqui, os relacionamentos fluem de forma natural para com a estória e seu desenvolvimento não é forçado ou fingido. Se passa por natural justamente por ser quase despercebido, sendo notado no clímax, onde é dado mais ênfase na coisa toda. É bem aquela coisa. Eles são, mais e daí? Faz parte e todos gostamos.
E bem, por se tratar de uma estória cheia de conflitos é impossível que não haja sangue e mortes. Por mais triste que possa parecer, é o destino que todos estamos fadados e nem os belos personagens desse mangá escapam dela, cada um tendo seus momentos belos e trágicos. É incrível que até a cena mais triste de todas possa ser uma das mais belas do mangá.
Se eu fosse selecionar uma cena favorita, com certeza seria essa. |
Não sei vocês, mais parece que o CLAMP tem fixação por "promessas". É além da profecia, o que rege a trama toda. É incrível como isso tem a ver com a tal profecia, que é um destino imutável, provando que o destino é quem manda e não adianta o que você faça, ele não irá mudar.
O final não deixou a desejar em nenhum ponto (segundo meu ponto de vista), não havendo nenhuma ponta solta, desde o jeito que a estória se iniciou até o rumo que tomou para ser finalizada. São dez volumes em que tudo acontece e não há nada jogado na nossa cara de qualquer jeito. Tudo teve seu tempo, seguindo seu próprio ritmo, que por sinal foi ótimo.
Eu não poderia ter esperado coisa melhor.
RG Veda possui tudo: um belo traço, personagens bem trabalhados e uma bela estória. O que mais eu poderia esperar? Por mais que o mangá seja como um todo triste, ele merece uma atenção. E ter suas expectativas superadas é tudo!
A edição brasileira de RG Veda ficou a cargo da Editora JBC, a mesma responsável por outras obras já comentadas aqui. Este foi o último lançamento inédito até o momento do CLAMP pela editora, já que outras obras do quarteto estão sendo publicados pela concorrente NewPOP.
O mangá foi publicado por aqui desde novembro de 2012 - tendo sido lançado no 19º Fest Comix -, até julho de 2013 - se minha memória não falha -, com um total de 10 volumes.
O formato é o mesmo de Soul Eater, com cerca de 200 páginas por volume sendo quatro coloridas, tendo como o papel padrão da JBC, o brite 52g. Aquele tipo de papel utilizado pela editora desde junho do ano passado que é um pouco mais branco que o de jornal.
Todos os volumes, com exceção do décimo contam com alguns extras, entre eles o "Jornalzinho CLAMP versão pirata RG Veda", ao que tudo indica, era para ter os free-talks das autoras sobre a obra. Era porque até o sexto volume, o Jornalzinho CLAMP acaba sendo um repeteco do presente na primeira edição, que conta com a apresentação do quarteto.
@natyinland Nao sei, coisa delas. Publicamos exatamente igual ao original.
— Cassius Medauar (@cassiusmedauar) July 15, 2013
A obra é altamente recomendada à todos os fãs do CLAMP e aos mais importantes, aqueles que estão atrás de uma boa estória tecnicamente curta, com começo, meio e fim. No final, todo o investimento valeu a pena, mostrando que sim, os laços podem mudar o rumo das estrelas.
Crítica bastante detalhada e efetiva Natália.
ResponderExcluirMuito bom. Percebe-se o cuidado com a pesquisa para situar o leitor e contextualizar a obra.
Realmente um bom trabalho, Chefa. :D
Eu já comentei isso em alguma postagem sua, na qual eu falava que não gostava muito da CLAMP, apenas tinha visto alguns animes ( Tsubasa, Sakura Card C. ), mas uma coisa que eu admiro muito são os traços dos mangás, sempre tão lindos e perfeitos. Outra coisa que eu gosto muito são das histórias, apesar de ter visto só dois animes por ai, sempre li as coisas que você escreveu sobre CLAMP e também quando a gente conversava que você me contava um pouco das histórias... Adoro coisas com mitologia, eu amo mitologia, tem coisas tão lindas e tristes misturadas. E a doninha como sempre escrevendo muito bem!! Mesmo que eu não conheça algo, eu me interesso em ler de tão bem que você descreve as coisas *0*
ResponderExcluirAh só para finalizar, você escreveu "doujinshins", é "doujinshis", acho que você deve ter digitado errado e não viu :33
<3